11/08/2023 às 08h59min - Atualizada em 11/08/2023 às 08h59min

Sônia Bridi sobre tragédia Yanomami em Roraima: 'Nunca vi nada tão horrível'

Repórter especial do 'Fantástico', de 59 anos, coleciona experiências ao lado do marido, Paulo Zero, com quem viaja o Brasil e o mundo produzindo matérias especiais.

- Por Carla Neves
Foto: Arquivo pessoal da Sonia Brid
 
Aos Aos 59 anos, Sônia Bridi coleciona reportagens especiais que entraram para a história do Jornalismo no Brasil. Contratada pela RBS, afiliada da TV Globo em 1984, ela começou a trabalhar como editora do telejornal local RBS Notícias e, desde então, foi correspondente da Globo em Londres, Nova York, Pequim e Paris.

Sônia esteve em todos os continentes da Terra. Ao lado do marido, o repórter cinematográfico Paulo Zero, de 66, a profissional vivenciou extremos em séries especiais para o Fantástico, como: Terra, que Tempo é Esse? (2010); Planeta Terra: Lotação Esgotada (2012); e A Jornada da Vida (2se014 e 2016).


Ao lado de Paulo Zero, Sônia já fez inúmeras reportagens difíceis, como a cobertura da invasão da embaixada japonesa pelos guerrilheiros tupamaros no Peru, em 1997; e o desaparecimento de um Airbus da Air France no Oceano Atlântico, após decolar no Rio de Janeiro, em 2009, entre outras tantas coberturas complicadas.

"Foi a pior coisa que já vi na minha vida. Já cobri campo de refugiado, já cobri conflito, já cobri tragédias e nunca vi nada tão horrível antes. A aldeia virou uma ilha no meio do garimpo. Nós estávamos com o helicóptero da Força Aérea Brasileira e os garimpeiros vinham para cima da gente, nos encarando, nos desafiando, sem respeitar a autoridade. Uns mostrando armas. Vi um cara com uma arma apontando para a gente", recorda.
 
As imagens de indígenas extremamente magros, desnutridos e doentes chocaram o país e o mundo. "Nunca vi criança desnutrida daquele jeito, eram velhos, idosos, e sem estrutura para o atendimento deles. Não carreguei criança porque queria aparecer na televisão carregando criança. Carreguei porque alguém tinha que levar. Eram nove crianças e um adolescente, mas tinha pouca gente e alguém tinha que carregar e carreguei também", afirma.

Sônia conta que sofreu para colocar no ar a imagem em que carrega a criança Yanomami no colo.
 
"Eu não queria botar no ar. Porque eu achava que chamaria atenção para mim e não queria isso, eu achava que você [o repórter] não pode chamar atenção. Depois fui convencida de que a imagem mostraria a falta de estrutura", conta. "Emocionalmente [a tragédia Yanomami] foi das matérias mais difíceis que já fiz. Pretendo voltar lá assim que eu conseguir. É muito difícil o acesso, porque é uma área restrita. Você não pode pegar um avião e falar: 'estou indo ali na reserva'. A FUNAI tem que autorizar, você tem que ter autorização para entrar em cada aldeia, tem que ter apoio das forças armadas, e as distâncias são grandes, você não consegue alugar um helicóptero, não é simples assim. Tem que ter toda estrutura que te permita ir. Mas devo voltar em breve, estou negociando", avisa.

Filha, mãe e avó

Entre as longas viagens pelo Brasil e pelo mundo para fazer matérias para o Fantástico, Sônia, muitas vezes, fica longos períodos longe dos filhos -- a influenciadora Mariana Bridi, de 38, de sua relação com o diretor Edson Spinello, de 63, e do estudante de Biologia Pedro Bridi Zero, de 21, com Paulo -- além dos dos dois netos: Aurora, de 8 anos, e Valentim, de 5 [filhos de Mariana com o ator Rafael Cardoso, de 37].
"Se por um lado viajo com meu marido, meus filhos ficavam sem pai e sem mãe. Isso é uma coisa que eu converso muito com eles. Fui ser correspondente quando a Mariana tinha 11 anos de idade. Aí você estava em um país estranho, Mariana ficava em Nova York com 11 anos e eu lá no Ártico no meio do gelo, fazendo não sei o quê. Fui para o México porque aconteceu um atentado... Os dois passaram muito por isso. Pedro mais ainda porque começou mais cedo", conta.

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