Num contexto de notícias preocupantes da América Latina (assassinatos no Equador e os resultados das primárias na Argentina…), as notícias da fronteira entre o Brasil e a Venezuela passaram, de alguma forma, para a agenda noticiosa.
Se sob Bolsonaro a fronteira poderia se tornar uma direção de intervenção militar (tais planos foram discutidos), sob Lula ela se torna um campo de testes para a integração energética. No dia 4 de agosto, Lula assinou um decreto que retoma a compra de energia elétrica da Venezuela, no âmbito do programa “Luz para Todos”. O abastecimento será feito a partir da central hidroelétrica de Guri e ira abastecer principalmente o estado de Roraima.
Este estado está efetivamente desligado do Sistema Elétrico Federal (SIM) do Brasil, mas há agora planos para integrar o sistema venezuelano e o brasileiro. Para além da modernização das linhas eléctricas entre a Venezuela e o estado de Roraima, serão instaladas novas redes para ligar Roraima ao sul do Brasil. O investimento previsto é de R$ 2,6 bilhões.
Recorde-se que o estado de Roraima recebe eletricidade de Guri, na Venezuela, desde 2001, mas este fornecimento foi interrompido em 2019, na sequência da decisão de Jair Bolsonaro, que suspendeu todas as relações com a Venezuela por razões ideológicas.