18/09/2023 às 07h00min - Atualizada em 18/09/2023 às 07h00min
PEC que incorpora servidores de ex-territórios à Folha da União é ‘muito ruim’, diz ministra da Gestão.
Esther Dweck afirma que a proposta amplia distorções e custará cerca de R$ 6 bilhões aos cofres do Governo Federal.
- Fonte: Estadão Conteúdos.
Ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, avalia como “muito ruim” a proposta de emenda constitucional aprovada às pressas no Senado, na última terça-feira, 12, em dois turnos de votação, que permite a migração de servidores dos chamados “ex-territórios” para o quadro de funcionários do governo federal. Ela afirma que trabalhará por correções no texto durante a tramitação na Câmara dos Deputados.
A proposta permitirá a incorporação de cerca de 50 mil funcionários públicos de Rondônia, Roraima e Amapá à folha salarial da União, na chamada transposição dos servidores dos ex-territórios, uma vez que esses Estados antes eram considerados territórios federais. Esta é a quinta emenda constitucional que trata do tema da incorporação desses servidores às contas da União.
A PEC, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), ampliou o prazo para a transposição dos servidores que foram contratados por esses Estados nos primeiros dez anos depois que deixaram de ser territórios federais, nos anos 1980. E ainda abriu a possibilidade para que funcionários de municípios tenham o mesmo tratamento.
Para Dweck, o texto amplia distorções que já existiam nas PECs do passado e que deveriam ser corrigidas, além de significar um impacto extra para os cofres da União avaliado em R$ 6,3 bilhões. “A PEC é muito ruim, e eu já falei isso para todo mundo: para o presidente (do Senado) Rodrigo Pacheco, para o líder do governo (Jaques Wagner) e para o Randolfe (Rodrigues). A gente entende o contexto da aprovação, foi uma questão interna do Congresso. Agora vamos fazer um trabalho na Câmara para mudar o texto”, disse Dweck.
A PEC foi apresentada por Rodrigues em 2018, mas acabou arquivada sem ter ido à votação. Em março, por iniciativa do mesmo senador, hoje líder do governo no Congresso, foi desarquivada e incluída na pauta de votações da última segunda-feira, 11. No dia seguinte, foi aprovada por unanimidade na Casa, em dois turnos, na véspera do aniversário do Amapá, Estado-natal de Randolfe.
A avaliação do governo, contudo, é que a PEC afrouxou demais as regras para o enquadramento de servidores estaduais à folha federal.
“(A PEC) Ampliou prazo, afrouxou regras, incluiu outros Poderes, pessoas que não trabalhavam não só na administração estadual, mas também em municípios. Por exemplo: uma das regras exigia que a pessoa tivesse trabalhado 90 dias ininterruptos para a administração pública. No texto, virou 90 dias a qualquer tempo, com prazo mais longo para avaliação”, disse a ministra.
Pelas estimativas iniciais do ministério, caso a PEC prospere na Câmara, onde será avaliada agora, o custo para a União na incorporação de 50 mil servidores será de R$ 458 milhões mensais, o que resulta em R$ 6,3 bilhões por ano.
O cálculo se baseia no quanto o governo já gasta hoje com o pagamento de cerca de 16 mil servidores destes ex-territórios, cuja remuneração média é de R$ 9,7 mil mensais.