27/09/2023 às 08h42min - Atualizada em 27/09/2023 às 08h42min

Tensão na fronteira: Venezuela e Guiana se estranham por área disputada há 50 anos.

Esse território de 160 mil km², localizado na fronteira entre Venezuela e Guiana e coberto por uma densa selva e cortado por rios, é rico em recursos naturais.

- Com agências internacionais.
O clima está tenso entre a Venezuela e a Guiana, dois países que têm fronteira com o Brasil. Há mais de 50 anos eles disputam o Esequibo, território onde empresas estrangeiras começaram a explorar petróleo e outras riquezas. O atrito levou o presidente da Assembleia Nacional venezuelana a convocar um referendo para resolver a disputa. Já o presidente Irfaan Ali, da Guiana, vem denunciando os supostos ataques da Venezuela.

Bastou uma declaração de Briann Nichols, que é funcionário dos Estados Unidos, manifestando o apoio de Washington às licitações petroleiras feitas pela Guiana no Esequibo, área reclamada pela Venezuela, para jogar querosene na fogueira.

As declarações do subsecretário de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental foram dadas há uma semana, mas, de lá para cá, a problemática vem ganhando maiores proporções. O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, chegou a propor "uma grande consulta nacional por meio de um referendo".

De acordo com Rodríguez, a votação é para que "o povo da Venezuela, através do voto direto e secreto, decida e reforce os direitos inalienáveis da Venezuela e do seu povo sobre o território do Esequibo". A data da votação ainda não foi anunciada. O chanceler venezuelano, Iván Gil, afirmou que os governo dos Estados Unidos tem planos de construir uma base militar nessa área em reclamação.
Décadas de disputa

Esse território de 160 mil km², localizado na fronteira entre Venezuela e Guiana e coberto por uma densa selva e cortado por rios, é rico em recursos naturais. Em 2015, a empresa norte-americana Exxon Mobil encontrou jazidas de petróleo na costa do Esequibo e desde então vem explorando a região.

A Guiana defende a fronteira estabelecida em 1899 por uma corte de arbitragem em Paris. A Venezuela, por sua vez, reclama a aplicação do Acordo de Genebra, firmado em 1966 com o Reino Unido, antes da independência guianense, que reconhece a reivindicação de Caracas. Em geral, a população daqui afirma que o Esequibo é venezuelano, tal qual se aprende nas escolas; embora na região o idioma vigente seja o inglês.

Pouquíssimos venezuelanos conhecem o Esequibo. Para visitar a essa localidade saindo da Venezuela é preciso passar pelo estado brasileiro de Roraima, entrar na Guiana para então chegar ao território que suscita a disputa binacional. Por sua vez, a Guiana incluiu o Esequibo dentro dos seus limites na Constituição de 1980, considerando o território de sua soberania. O Esequibo literalmente separa a Venezuela e a Guiana.

Briga bilateral

Por enquanto, não há manifestações populares defendendo a causa do Esequibo. Mas, na parte política, os ânimos estão intensos. O presidente Nicolás Maduro propôs ao colega da Guiana, Irfaan Ali, uma reunião celebrada pela Comunidade do Caribe (Caricom) - cuja sede fica na capital Georgetown - para retomar o Acordo de Genebra, datado de 1966, e conversar sobre a controvérsia do Esequibo. Maduro, em uma rede social, arremeteu contra Irfaan Ali.

"As medidas que o seu governo está tomando violam a legalidade internacional e colocam em risco a paz da região. Não permita que a ExxonMobil, devido a indevidos interesses, leve a Guiana à escalada de um conflito. Não permita que o Comando Sul transforme o seu país numa base militar contra a Venezuela de (Simón) Bolívar", afirmou o presidente venezuelano se referindo à suposição de que os Estados Unidos querem instalar uma base marcial na Guiana.


Já a opositora Maria Corina Machado, que embora esteja inabilitada politicamente, concorre às primárias presidenciais venezuelanas, afirmou que "a responsabilidade da atual situação do Esequibo é do chavismo" e que "enfrentamos o real risco de perder um território que é da Venezuela".

Petróleo

O presidente Irfaan Ali, que chegou ao poder em agosto de 2020, garantiu nesta segunda-feira que irá "defender a soberania e integridade territorial da Guiana por meios legais e pacíficos". Na Assembleia Geral da ONU, realizada semana passada em Nova York, Irfaan Ali denunciou ter recebido ameaças da Venezuela. Segundo ele, o país vizinho está "atacando a paz e a segurança da Guiana".

Nos últimos anos a Guiana vem despontando economicamente na região com a exploração de jazidas de petróleo. A estimativa é que a produção petroleira deste país que faz fronteira com o norte do Brasil e com o leste da Venezuela chegue a produzir até 750 mil barris de petróleo até o ano 2025. Enquanto a Venezuela tenta, sem sucesso, reativar seu parque industrial petroleiro, abalado pela falta de manutenção e pelas sanções impostas principalmente pelos Estados Unidos.

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