O Centro de Saúde foi montado na região de Surucucu, na terra Yanomami em Roraima. Foto: Divulgação/MS
Ministério da Saúde inaugura o Centro de Referência em Saúde Indígena nesta sexta-feira (21), em Surucucu, no território Yanomami, em Roraima. Preparada para atendimentos de urgência, consultas, exames e o tratamento de malária e desnutrição, a unidade é um grande avanço diante da crise humanitária causada pelo abandono da saúde indígena nos últimos anos. Desde janeiro, o governo federal mobiliza uma operação interministerial para salvar vidas e garantir o acesso à saúde aos povos dessa região. O Centro de Referência fortalece a assistência permanente no território, reduzindo a necessidade de locomoção dos indígenas para Boa Vista.
Projetada para ser referência para atendimento de cerca de 2,7 mil pessoas distribuídas em 46 aldeias, a unidade atenderá a região e também os pacientes dos polos Parafuri, Haxiu, Homoxi, Xitei e Waputha. Assim, a alocação da estrutura neste local é estratégica para o atendimento dessa população. Desde o começo da operação que mobiliza profissionais de saúde, voluntários e técnicos do Ministério da Saúde, além de todo o governo federal, para reduzir os impactos dos anos de desassistência vividos por essa população, mais de 5,3 mil atendimentos já foram feitos.
Desde janeiro, mais de 700 pacientes já foram transportados por aeronaves em todo o território, considerando inclusive traslados entre aldeias e polos-base. Para os pacientes graves atendidos no polo base de Surucucu, o socorro leva cerca de uma hora e quarenta minutos. Com boas condições de tempo, visibilidade, pista e aeronaves disponíveis no momento da emergência, esse é o tempo que dura uma remoção entre a unidade de saúde fixada no território e a capital de Roraima. Com o centro de referência, o objetivo é que mais problemas de saúde possam ser solucionados dentro do território.
A equipe contará com cerca de 30 profissionais entre médicos, técnicos de enfermagem e enfermeiros, nutricionistas e técnicos de nutrição, técnicos de laboratório, farmacêuticos, microscopistas, cozinheiros e serviços gerais. Os contratos são feitos via DSEI-Y (Distrito Sanitário Especial Indígena), Força Nacional do SUS ou convênios com instituições como Fiotec (Fundação de apoio à Fiocruz), Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e Expedicionários da Saúde (EDS).
O centro de referência foi equipado para atender cerca de 100 pacientes por dia, além de 20 admissões diárias. A unidade é dividida em ala ambulatorial, sala de acolhimento e triagem, salas de estabilização, consultórios, lactário, farmácia, laboratório e microscopia. A estrutura permanente também contará com refeitório, centro de convivência e redários.
A unidade também reforçará as ações da atenção primária à saúde com consultas e acompanhamento periódico de crianças e pré-natal, por exemplo. Também tem como prioridade garantir a recuperação nutricional para casos de desnutrição grave e moderadas, tratamento de pacientes com malária, trauma e acidente ofídico (picadas de cobras). Uma das maiores questões para o início do funcionamento do centro, o fornecimento de energia elétrica foi equacionado através de uma solução mista com geradores e placas fotovoltaicas instalados na região, resultado de um trabalho conjunto com o Ministério de Minas e Energia.
Três meses de emergência
A declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) completa três meses nesta sexta (21) com 5,3 mil atendimentos realizados, entre a Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), os polos-base no território, o Hospital de Campanha das Forças Armadas e o hospital Geral de Boa Vista. Os principais problemas de saúde identificados nessa população são malária, pneumonia e desnutrição.
Além do envio de profissionais para o reforço no atendimento – mais de 500 da Força Nacional do SUS, Unicef, MSF, Fiotec e Opas e 14 profissionais do programa Mais Médicos – o Ministério da Saúde segue enviando insumos para utilização nos atendimentos de urgência: 75,9 mil testes rápidos, sendo 21,7 mil para malária, 38,9 mil antibióticos e mais de 280 mil medicamentos para malária.
A recuperação nutricional das crianças segue como um dos principais focos das ações do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Yanomami). Até o momento, foram acompanhadas 95 crianças na Casai, 63 delas se recuperaram, outras seis seguem em acompanhamento para desnutrição grave e 26 com quadro moderado.