O IBAMA e a Polícia Federal deflagraram a Operação Hermes II, com o objetivo de desbaratar uma organização criminosa responsável por um dos maiores planos de contrabando em mercúrio e garimpo ilegal do Brasil.
De acordo com a investigação da PF, uma empresa sediada em Paulínia (SP) estaria utilizando suas atividades autorizadas para produzir créditos falsos de mercúrio no sistema do IBAMA. Assim, o grupo contrabandeou mercúrio para uso em garimpos instalados em cinco estados da Amazônia Legal – Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará.
Os policiais federais cumpriram 34 mandados de busca e apreensão em municípios do Amazonas e de Mato Grosso, além de São Paulo e Rio de Janeiro. Já agentes do IBAMA apreenderam cerca de 150 kg de mercúrio que foram vendidos ilegalmente durante a fiscalização em dez empresas ligadas à mineração de ouro. A 1a Vara Federal de Campinas (SP), que autorizou as ações, também determinou sequestro e indisponibilidade de bens dos investigados em montante superior a R$ 2,9 bilhões.
A operação é fruto de uma investigação que acontece desde 2018, quando uma ação conjunta de IBAMA e PF em Joinville (SC) identificou uma empresa exportadora de mercúrio metálico, o que resultou na maior apreensão desse material já feita no país. No ano passado, a Operação Hermes HG aprofundou o combate ao contrabando ilegal de mercúrio a partir da geração de créditos falsos no sistema do IBAMA para acobertar carregamentos ilegais da substância vindos, principalmente, de Bolívia, México e China.
Em tempo 1: O uso de mercúrio no garimpo ilegal está causando graves problemas de saúdes nas comunidades em seu entorno. A situação em Manicoré (AM), um dos hotspots de exploração de ouro no leito do rio Madeira, é didática: doenças como câncer de estômago e outros tipos de enfermidades estomacais e respiratórias agudas e graves se tornaram mais frequentes. ((o)) eco abordou o caso e destacou os efeitos nocivos da atividade garimpeira ilegal sobre a saúde das populações na Amazônia.
Em tempo 2: A instabilidade internacional causada por conflitos armados, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e o embate entre Hamas e Israel na Faixa de Gaza, é música aos ouvidos do mercado de ouro. Em meio aos reflexos geopolíticos e econômicos desses conflitos, muitos investidores buscam aplicar em ouro como um investimento seguro. O problema é que, como a Deutsche Welle bem pontuou, isso causa um aumento na demanda por ouro, o que se reflete em uma intensificação da atividade de extração (legal e ilegal) do metal, inclusive na região amazônica.