06/12/2023 às 06h56min - Atualizada em 06/12/2023 às 06h56min

O que é ouro negro? Minério de cassiterita é encontrado em abundância em Roraima

Alexandre Pires foi alvo da Operação Disco de Ouro, da Polícia Federal, que visa desarticular garimpo ilegal de cassiterita em terras Yanomami em Roraima

O minério de cassiterita é encontrado em ambudância em Roraima, principalmente em áreas indígenas demarcadas.
Na última segunda-feira (4), o cantor Alexandre Pires foi alvo de uma investigação da Polícia Federal para desarticular um esquema de garimpo ilegal na Terra Indígena Ianomâmi. Além de ouro, existem outros minérios preciosos na mira do garimpo. Atualmente, a busca dos garimpeiros ilegais é focada na cassiterita, mais conhecida no mercado clandestino como “ouro negro”.

A matéria-prima é encontrada em abundância no território indígena Ianomâmi, em Roraima, onde há anos várias dessas quadrilhas têm garimpado a rocha, geralmente na cor castanha ou preta, que é minerada e exportada ilegalmente.

A Operação Disco de Ouro, segundo a Polícia Federal, tem como objetivo desarticular um esquema de financiamento e logística ao garimpo ilegal na Terra Indígena e o cantor Alexandre Pires foi alvo de busca e apreensão, por suspeita de envolvimento com uma organização criminosa especializada justamente na exploração do "ouro negro".

A cassiterita é a principal fonte para se obter o estanho, metal nobre que é usado na fabricação de smartphones e tablets, por exemplo. O material é usado na composição do material da tela e das placas de circuitos eletrônicos. O estanho também compõe o revestimento interno de enlatados, faz parte na fabricação de fungicidas e usado na indústria para formar ligas, como bronze, latão e soldas.

A demanda por essa matéria-prima explodiu durante a pandemia, com o aumento da procura por aparelhos eletrônicos. E isso, é claro, despertou a atenção dos garimpeiros ilegais que exploram a cassiterita desde os anos 70. De acordo com relatório do Ministério Público Federal, de janeiro de 2021 até início de maio de 2022, foram apreendidas mais de 200 toneladas de cassiterita só em Roraima. Em março deste ano, outra operação da PF, também em Território Ianomâmi, apreendeu outras 27 toneladas. A PRF estima que mais de 400 toneladas tenham sido apreendidas pela instituição nos últimos três anos.

O minério é vendido por R$ 120 o quilo e as entidades públicas têm enfrentado dificuldades para armazená-lo em seus pátios, com riscos de furto e degradação ambiental. De acordo com a PRF, as apreensões de cassiterita são mais frequentes no Norte, onde estão localizadas as maiores reservas do minério, em Amazonas, Rondônia e Roraima. Mas a rota do minério alcança outros estados mais afastados, como São Paulo.

O inquérito da operação investiga movimentações de quase R$ 250 milhões que envolveriam garimpeiros e empresários, incluindo o cantor Alexandre Pires. O sambista teria recebido dois depósitos, um de R$ 357 mil e outro de R$ 1 milhão, em suas contas bancárias. A investigação identificou ainda que uma das contas bancárias do músico também chegou a enviar, em uma atividade considerada atípica, R$ 160 mil para a mineradora.

O esquema seria voltado para a “lavagem” de cassiterita retirada ilegalmente da terra indígena, no qual o minério seria declarado como originário de um garimpo regular no Rio Tapajós, no Pará.

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