01/04/2024 às 07h29min - Atualizada em 01/04/2024 às 07h29min

PF usa acelerador de partículas para analisar ouro suspeito de origem ilícita extraido em garimpos de Roraima

As primeiras 57 amostras foram trazidas de Brasília para análise no Laboratório Sirius, em Campinas (SP). Os laudos saem em dois meses. O trabalho faz parte do programa Ouro Alvo da Polícia Federal, que combate o garimpo ilegal e o comércio clandestino.

Vista aérea do acelerador de partículas Sirius, no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais em Campinas. Foto: CNPEM / Divulgação
Uma tecnologia usada pela Polícia Federal é capaz de identificar se o ouro é extraído ilegalmente de reservas indígenas. As primeiras 57 amostras foram trazidas de Brasília para análise no Laboratório Sirius, em Campinas, (SP). A maior parte, suspeita de ter origem ilícita.
 
"São materiais que a gente coleta em campo, como referência de um local como a Terra Indígena Yanomami em Roraima. Locais também que tem questionamento sobre a legalidade ou não desse ouro, e são materiais que a gente vai analisar para trazer uma provável identificação de origem geográfica desse material", afirma Erich Moreira Lima, perito criminal da Polícia Federal.
O material é preparado e vai para a estação experimental do acelerador de partículas - que é único nas Américas. No equipamento, recebe um poderoso feixe de luz, invisível a olho nu, que faz um raio-x de alta resolução capaz de revelar a estrutura interna do ouro e dar pistas sobre a origem.

Peritos da PF e pesquisadores usam o Sirius, que funciona como um "raio X superpotente", para desvendar a estrutura do ouro e encontrar elementos que indiquem de onde ele foi extraído.

"O que você vai ter são átomos de impurezas presentes no ouro. Então essas impurezas, se tiver chumbo dentro do ouro, se tiver bismuto dentro do ouro, elas é que vão poder ser usadas para fazer essa comparação", esclarece Antônio José Roque, diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (Cnpem).

Cada análise dura 15 minutos e fornece na hora uma tomografia das amostras. A trabalho é resultado de uma parceria inédita entre a Policia Federal, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais e quatro universidades.

As amostras analisadas em Campinas vão ser comparadas com as do Bampa, Banco Nacional Forense de Perfis Auríferos da Polícia Federal, uma base de dados criada pela PF em 2021 para rastrear a origem do ouro. Os primeiros laudos saem em dois meses, apontando a origem do material, com base na estrutura geológica das moléculas.

O trabalho faz parte do programa Ouro Alvo da Polícia Federal, que combate o garimpo ilegal e o comércio clandestino. Além de ajudar na rastreabilidade, as análises no Laboratório Sirius vão aumentar o próprio banco de dados da PF para identificar inclusive ouro derretido e transformado em outros produtos.

"O objetivo maior, a utopia do programa Ouro Alvo é conseguir determinar se o ouro de uma mina pode ser rastreado até uma joia", explica Fábio Salvador, perito da PF e geólogo da USP.
 
Sirius
Considerado o principal projeto científico brasileiro, o Sirius é um laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, que atua como uma espécie de "raio X superpotente" que analisa diversos tipos de materiais em escalas de átomos e moléculas.

 Como funciona o Sirius? Para observar as estruturas, os cientistas aceleram os elétrons quase na velocidade da luz, fazendo com que percorram o túnel de 500 metros de comprimento 600 mil vezes por segundo. Depois, os elétrons são desviados para uma das estações de pesquisa, ou linhas de luz, para os experimentos.

? Esse desvio é realizado com a ajuda de ímãs superpotentes, e eles são responsáveis por gerar a luz síncrotron. Apesar de extremamente brilhante, ela é invisível a olho nu. Segundo os cientistas, o feixe é 30 vezes mais fino que o diâmetro de um fio de cabelo.

O Sirius faz parte do CNPEM, organização privada sem fins lucrativos que atua sob supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), operando quatro laboratórios nacionais (biociências, biorrenováveis, nanotecnologia e luz síncrotron), e que vai construir e operar o Orion, laboratório de biossegurança máxima (NB4) de R$ 1 bilhão único no mundo.
 
Fonte: Olhar Digital
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