25/04/2024 às 12h48min - Atualizada em 25/04/2024 às 12h48min
DITADURA: Venezuela proíbe mais 5 opositores de exercer cargos públicos
A Controladoria-Geral da República da Venezuela (CGR), órgão responsável por assegurar a administração transparente dos bens públicos do Estado, proibiu mais cinco opositores venezuelanos de exercerem cargos públicos.
Segundo lista divulgada nessa quarta-feira (24) em Caracas, quatro opositores, Carlos Ocariz, Elías Sayegh, José Fernández e Tomás Guanipa, foram desqualificados por 15 anos e o quinto, Juan Carlos Caldera, durante os próximos 12 meses.
Carlos Ocariz, Tomás Guanipa e Juan Carlos Caldera pertencem ao partido de centro-direita “Primero Justicia”. O Supremo Tribunal de Justiça venezuelano determinou, em 22 de abril, pela segunda vez em quatro anos, a reestruturação do partido, nomeando uma direção provisória presidida por José Dionísio Brito.
De acordo com a imprensa local, Brito foi expulso do partido, depois de, em 2019, ter sido publicada reportagem que o ligava à suspeita de atos de corrupção.
Os outros dois que receberam sanções, José Fernández e Elías Sayegh, pertencem às organizações políticas Fuerza Vecinal e Movimiento Cambio en Paz.
A delegação que representa a Plataforma Unitária Democrática (PUD, que reúne os principais partidos de oposição) nas negociações com o governo do presidente Nicolás Maduro, já condenou a decisão da CGR. Diz ser “uma nova ofensiva contra o direito dos cidadãos de eleger, em um processo democrático”, antes das eleições presidenciais previstas para 28 de julho.
A coligação disse que “as inconstitucionais e ilegais desqualificações tornadas públicas, violando o direito à defesa e ao devido processo, representam a continuidade das arbitrariedades executadas desde o poder em violação também do Acordo de Barbados”, assinado em outubro de 2023 entre o governo venezuelano e a oposição.
O partido Vente Venezuela, liderado por Maria Corina Machado, que já tinha sido impedida de exercer cargos públicos, solidarizou-se com os atingidos e acusou a CGR de usar as desqualificações como “arma” para punir delitos de pensamento.
“O regime continua a utilizar as desqualificações políticas como arma para perseguir e atuar contra quem faz oposição na Venezuela”, disse Vente Venezuela na rede social X (antigo Twitter).
A CGD desqualificou, nos últimos anos, três dirigentes oposicionistas, entre eles Maria Corina Machado, vencedora das primárias da oposição em outubro, o ex-candidato presidencial e ex-governador do estado de Miranda, Henrique Capriles Radonski, do partido Primeiro Justiça, e o ex-presidente do Parlamento, Juan Guaidó, do partido Vente Venezuela, que em janeiro de 2019, jurou publicamente assumir as funções de presidente interino do país até afastar Maduro do poder e que atualmente se encontra asilado nos Estados Unidos.