A líder da oposição venezuelana María Corina Machado está escondida e temendo por sua vida, conforme ela mesmo escreveu em um artigo de opinião no Wall Street Journal. “Eu poderia ser capturada enquanto escrevo estas palavras”, Machado escreveu no artigo, publicado na quinta-feira, 1 de agosto. “Os venezuelanos estão prontos para se livrar da ditadura. A comunidade internacional nos apoiará?” Questiona Maria Corina Machado em seu artigo.
O ditador Nicolás Maduro tem aumentado sua retórica contra Machado e seu candidato substituto e legítimo vencedor da eleição de domingo, Edmundo Gonzalez. Ela disse que a repressão do governo deve parar imediatamente, para que um acordo urgente possa ocorrer para facilitar a transição para a democracia, acrescentando que cabe à comunidade internacional decidir se tolera um governo escancaradamente ilegítimo.
Corina disse ainda que a maior parte de sua equipe também está escondida no momento, e seis de seus principais assessores que se refugiaram na Embaixada Argentina em Caracas temem um ataque iminente.
O Brasil assumiu a custódia da embaixada da Argentina na manhã de quinta-feira, agora que a equipe diplomática do país está sendo expulsa por Maduro. Ele também deu até sexta-feira para diplomatas do Chile, Peru, Uruguai, Costa Rica, Panamá e República Dominicana saírem.
Liderança e estratégia
Maria Corina venceu as primárias da oposição com 93% dos votos, mas foi impedida de concorrer por Nicolás Maduro. Ela indicou então a professora Corina Yóris como sua substituta, que também foi impedida pelo regime de seguir adiante com a sua candidatura. Quase sem opções de candidatura, uma vez que a maior parte das lideranças políticas de oposição já estavam presas ou exiladas, Corina resolveu lançar provisoriamente o nome de uma pessoa desconhecida, o diplomata Edmundo Gonzalez.
Enquanto Maduro esperava o candidato oficial para cassá-lo novamente, a oposição oficializou o nome de Edmundo que, mesmo desconhecido, conseguiu tornar-se o favorito nas eleições através do apoio explícito de Corina Machado. No dia da votação, Corina insistiu para que todos votassem e fiscalizassem suas sessões, fazendo diversos apelos para que pegassem as atas de votação de cada sessão eleitoral assim fossem liberadas.
Ao obter uma grande percentagem das atas ela subiu para um website as informações dando ao processo a transparência que o CNE, órgão controlado por Maduro, recusa-se a dar.
Machado afirma que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, venceu as eleições de domingo, ao contrário do que diz o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou a reeleição do governante chavista para um terceiro mandato de seis anos.
“Passamos meses construindo uma plataforma robusta para a defesa do voto que pudesse demonstrar inquestionavelmente a nossa vitória. Fizemos”, disse Corina em sua conta na plataforma X.
“Oferecemos ao regime que aceitasse democraticamente a sua derrota e avançasse em uma negociação para garantir uma transição pacífica, no entanto, escolheram o caminho da repressão, da violência e da mentira”, disse ela.
“Agora cabe a todos nós afirmar a verdade que conhecemos. Vamos nos mobilizar. É hora de confiarmos um no outro. Para nos mantermos ativos e firmes”, concluiu.