16/05/2023 às 13h53min - Atualizada em 16/05/2023 às 13h53min

Ex-secretário de Saúde de RORAIMA está envolvido em plano de golpe, diz PF.

Investigação apura indícios de uma articulação para manter no poder ex-presidente e atacar o Supremo Tribunal Federal.

- Fonte: O Globo
O coronel reformado do Exército, Elcio Franco, foi secretário de Saúde no primeiro mandato de Antonio Denarium.




A Polícia Federal identificou áudios e mensagens de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro que evidenciam uma articulação de um plano de golpe de Estado. A trama, segundo investigadores, consistia em incitar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), hostilizar as urnas eletrônicas, convencer a cúpula do Exército a rejeitar o resultado das eleições em 2022 e prender o ministro Alexandre de Moraes, da Corte. 

A investida antidemocrática, aponta a PF, foi discutida pelo major reformado do Exército Ailton Gonçalves Barros, pelo coronel Elcio Franco, ex-secretário de Saúde do Governo de Roraima na gestão de Antonio Denarium, e por um militar ainda não identificado. Os diálogos, de acordo com os investigadores, "deixam evidente a articulação conduzida por Ailton Barros e outros militares, para materializar o plano de tentativa de golpe de Estado no Brasil, em decorrência da não aceitação do resultado da eleição presidencial ocorrida em 2022, visando manter no Poder o ex-Presidente da República Jair Bolsonaro e restringir o exercício do Poder Judiciário brasileiro, por meio da prisão do Ministro Alexandre de Moraes, do STF".

A PF chegou a esta conclusão após analisar áudios e prints encontrados nos arquivos de um celular de Barros durante uma investigação envolvendo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. No fim de abril, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, concordou que os diálogos indicam uma articulação de uma tentativa de golpe e determinou o "compartilhamento integral" dessas provas com o inquérito que apura a responsabilidade de autoridades pelas invasões às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.


Entre as mensagens que chamaram a atenção da PF, estão dois prints (capturas de tela) de uma conversa entre Barros e um contato denominado "PR 01", "possivelmente relacionado ao ex-presidente Jair Bolsonaro". Essas imagens foram deletadas e, em seguida, enviadas a Cid. A primeira tratava da intenção de grupos organizadores dos atos de 7 de setembro de 2021 de acamparem em Brasília em 31 de março, data do golpe de 1964.

O objetivo era pressionar os onze ministros do STF a "saírem de suas cadeiras". A segunda sugeria inserir nesses movimentos temas de interesse de Bolsonaro como a defesa do impeachment do ministro Alexandre de Moraes e o ataque às urnas eletrônicas. Não é possível saber se o ex-ajudante de ordens respondeu.

Para a PF, há fortes indícios de que Barros não só tinha proximidade com Cid mas também mantinha contato direto com Bolsonaro e se "dispôs a incitar grupos de manifestantes para aderirem a pautas antidemocráticas do interesse do ex-presidente da República". Na eleição passada, Barros divulgou em sua campanha a deputado estadual um áudio em que Bolsonaro o chamava de "segundo irmão". O militar da reserva ainda acompanhou o então presidente durante a votação no segundo turno na Vila Militar, no Rio de Janeiro.

 
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