25/12/2024 às 16h50min - Atualizada em 25/12/2024 às 16h50min

Operações contra garimpo ilegal em Roraima destroem 48 pistas de pouso em 9 meses

Foto: Governo Federal/Divulgação
As operações de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami em Roraima resultaram na destruição de 48 pistas de pouso clandestinas, localizadas tanto dentro quanto fora do território, ao longo de nove meses. Os dados foram divulgados pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) por meio da Casa de Governo nesta terça-feira (24).

Na segunda-feira (23), uma das pistas, conhecida como “pista do Mucuim”, foi destruída em uma operação coordenada. Localizada às margens do rio Uraricoera, uma região severamente impactada pela atividade ilegal, a pista de 480 metros de extensão foi alvo de cerca de 100 quilos de explosivos posicionados em quatro pontos diferentes.

Durante a ação, também foram apreendidos 10 sacos de cassiterita, totalizando uma tonelada, além de cinco carotes de combustível e um quadriciclo desmontado. Todo o material foi inutilizado no local.

A infraestrutura aérea é essencial para o acesso à Terra Yanomami, caracterizada por difícil acesso terrestre. As pistas clandestinas são construídas no meio da floresta pelos garimpeiros e servem como ponto de chegada de aeronaves que transportam pessoas, suprimentos e minérios extraídos ilegalmente. Desde a criação da Casa de Governo, uma entidade destinada a coordenar as operações de desintrusão do garimpo e apoiar as comunidades Yanomami, as pistas de pouso foram identificadas como alvos estratégicos para enfraquecer o apoio logístico dos invasores.

Nilton Tubino, diretor do órgão, explicou que a estratégia envolve mapear as pistas dentro e fora do território para identificar aquelas ainda em uso. Segundo ele, o processo de refinamento é contínuo e permite focar nos pontos mais relevantes. A Operação Catrimani II, coordenada pelo Ministério da Defesa desde abril, é realizada em colaboração com órgãos de segurança pública e as Forças Armadas, com suporte logístico e operacional da Casa de Governo de Roraima.

Na ação recente, 11 engenheiros do 6º Batalhão de Engenharia de Construção (6º BEC) do Exército Brasileiro foram transportados por uma aeronave H-15 da Marinha Brasileira para realizar a explosão. O processo inclui perfurações no solo para instalação dos explosivos e medição de distância de segurança, devido ao impacto das detonações. Todo o trabalho, que dura em média uma hora, exige preparação prévia, incluindo instruções e simulações, além de suporte das áreas de inteligência e planejamento das Forças Armadas.

O General de Brigada Luciano Bortoluzzi Garcia, Comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, destacou que as ações são cuidadosamente planejadas pelo Comando Conjunto e executadas de forma integrada entre diferentes forças de segurança. Além das medidas repressivas, a Operação Catrimani II também promove ações de apoio às agências, como distribuição de cestas básicas, voos de carga e atendimentos de saúde para as comunidades Yanomami.

A pista do Mucuim era um ponto crucial para o transporte de cassiterita, mas também abrigava uma roça de mandioca cultivada pelos Yanomami, que utilizam a região para pesca. Segundo relatos das comunidades locais, a estrutura continuava sendo utilizada pelos invasores, apesar da redução no número de garimpeiros. A Casa de Governo aponta que ainda restam 12 pistas clandestinas a serem destruídas na terra Yanomami, enquanto os rios permanecem bloqueados pelas forças de segurança.

Com mais de nove milhões de hectares, a Terra Indígena Yanomami é a maior do Brasil, abrangendo os estados do Amazonas e Roraima. Aproximadamente 32 mil habitantes, incluindo os povos Yanomami e Yekwana, estão distribuídos em mais de 380 comunidades, das quais 98% dependem exclusivamente de acesso aéreo. O território também abriga o grupo isolado Moxihatëtëma.

A exploração ilegal, presente desde os anos 1980, intensificou-se nos últimos anos, causando crises de saúde como malária e desnutrição entre os indígenas. Em resposta, desde 2023, o governo federal implementa medidas para combater o garimpo e fornecer assistência às comunidades, incluindo distribuição de cestas básicas e fortalecimento das ações de segurança na região.
 
Fonte: CMA

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