Os termos do protocolo de intenções firmado pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) com a multinacional Ambipar para execução de ações de assistência aos índios Yanomami de Roraima e Amazonas, seguem sendo um mistério. O acordo foi anunciado mundialmente há mais de três semanas durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça e envolve quase meio bilhão de Reais (R$ 480 milhões).
De acordo com o MPI, apesar da assinatura ter sido destaque em diversos veículos especializados em negócios, os termos do acordo ainda estão sendo avaliados. “O protocolo de intenções se encontra em tramitação interna e segue o rito padrão da Administração Pública Federal, conforme previsto nas normas regulamentares”, afirmou a pasta via assessoria de imprensa.
“Após o cumprimento integral de todas as etapas, o instrumento será devidamente publicado no Diário Oficial da União, respeitando os princípios constitucionais que regem a Administração Pública”, continua o texto do Ministério.
A Ambipar declarou publicamente que a parceria iria abranger 1,4 milhão de quilômetros quadrados, o que representa aproximadamente 14% do território brasileiro, e permitirá, segundo as informações divulgadas nas entrevistas, ações voltadas ao desenvolvimento sustentável e à prevenção a emergências climáticas em terras indígenas.
Informação que o MPI, agora, questiona. “O protocolo de intenções não cita o número de 14% do território nacional, essa foi uma informação utilizada no release da empresa em referência a estimativas de estudos e pesquisadores sobre a área ocupada pelo total de Terras Indígenas no país”, afirmou a pasta.
Quando questionado se o Ministério não sabia o que seria divulgado sobre o acordo, a pasta não respondeu mais.
Títulos verdes e parceria com a Ferrari
Enquanto os termos do contrato permanecem desconhecidos, a Ambipar lucrou alto no mercado internacional que valoriza empresas e projetos voltados ao meio ambiente. Logo após anunciar a parceria, a Ambipar informou o mercado que captou no exterior U$ 400 milhões (R$ 2,2 bilhões) com os chamados green notes, ou títulos verdes, que são papéis emitidos para financiar projetos sustentáveis de empresas, governos e outras instituições.
Nesta sexta-feira (14/2), a Ambipar anunciou acordo com a Ferrari. Segundo comunicado, a multinacional vai “liderar o programa de descarbonização da equipe italiana”.
“Estamos muito entusiasmados com essa parceria, que reforça o compromisso da Ferrari com a redução de CO₂ e seu papel inspirador na busca por mudanças. Com nossa expertise, queremos apoiar e potencializar os esforços da Ferrari em sustentabilidade”, afirmou Tercio Borlenghi Junior, CEO da Ambipar, à veículos especializados.
As ações da Ambipar subiram mais de 700% em um ano. A forte variação dos preços dos papéis da Ambipar já chamou a atenção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que cobrou, em mais de uma ocasião, explicações da multinacional brasileira sobre as oscilações bruscas dos valores das ações da multinacional.