Embora o garimpo possa ser considerado uma atividade de subsistência, há muitos anos ele se distanciou daquela figura alegórica de uma pessoa trabalhando isoladamente, utilizando uma bateia para separar eventuais pepitas de sedimento no leito de um rio.
Hoje, os garimpos são empreendimentos de porte significativo, utilizando equipamentos como bombas e dragas, retroescavadeiras, peneiras vibratórias, dentre outros. Isso requer o aporte de recursos financeiros e a utilização de muitas pessoas.
Ilegalidade
Segundo estudo publicado pela revista Nature (Uncontrolled Illegal Mining and Garimpo in the Brazilian Amazon) e desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Pará, pelo menos 77% dos garimpos, há três anos, mostravam sinais explícitos de ilegalidade, situação essa que não deve ter sido alterada substancialmente.
Como o garimpo ilegal é um empreendimento que exige recursos financeiros, não raro esse tipo de atividade é associado ao narcotráfico na região amazônica. O garimpo é uma forma de o narcotráfico obter recursos adicionais para financiar suas operações. E as rotas empregadas pelos narcotraficantes para trazer drogas para o território nacional podem ser utilizadas como via de contrabando do ouro para outros países.
É claro que um empreendimento operando na clandestinidade não vai respeitar a legislação ambiental nem tampouco as leis trabalhistas. Grandes áreas são desmatadas. Os leitos dos rios são dragados sem qualquer controle ou preocupação ambiental.
As margens são destruídas pelo chamado desmonte hidráulico, quando bombas muito potentes lançam jatos d’água que simplesmente dissolvem o solo ao redor. Todo esse material é processado mecânica e quimicamente, com o uso de mercúrio ou cianeto, gerando forte contaminação dos rios, dos peixes e das pessoas.
Não raro, os garimpos ilegais se instalam em áreas indígenas, subjugando a população e gerando conflitos pela posse da terra. Há vários relatos de conflitos desse tipo, como em áreas onde vivem os Kayapos, Mundurukus e Yanomamis, segundo o trabalho publicado na Nature.