Cuba ultrapassa Venezuela em pedidos de refúgio no Brasil. A maioria está em Roraima

Apenas no primeiro trimestre de 2025, cidadãos cubanos fizeram 9.467 solicitações, o equivalente a 52% do total registrado no período

09/06/2025 07h43 - Atualizado há 5 horas

Pela primeira vez em dez anos, Cuba superou a Venezuela no número de pedidos de refúgio ao Brasil. No primeiro trimestre de 2025, cidadãos cubanos fizeram 9.467 solicitações, o equivalente a 52% do total registrado no período. Venezuelanos somaram 5.794 pedidos (31,8%). Os dados são do Painel da Migração no Brasil, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

A entrada de cubanos ocorre principalmente por vias terrestres na região Norte, com destaque para os municípios de Bonfim (RR), na fronteira com a Guiana, e Oiapoque (AP), na divisa com a Guiana Francesa.

O estado de Roraima concentrou o maior número de solicitações de refúgio feitas por cubanos no país, com 7.506 registros no período. No entanto, dentro do estado, os venezuelanos ainda lideram, com 4.162 pedidos, seguidos pelos cubanos, com 3.136.

Além de Roraima, os estados com mais solicitações foram Amapá (3.808), São Paulo (2.284) e Amazonas (1.025). Outros países com maior número de pedidos incluem Angola, Colômbia, Marrocos e China.

Desde 2022, os dados do portal DataMigra, também vinculado ao MJSP, já indicavam a tendência de crescimento da migração cubana. Em 2023, o país registrou 13,1 mil pedidos de cubanos — número superior aos 7,6 mil de 2022 e também maior do que o registrado na época do programa Mais Médicos, como em 2013 (5.200).

Apesar do crescimento nos pedidos, o reconhecimento oficial do status de refugiado segue restrito. Apenas 324 solicitações foram aprovadas até março deste ano, além de 24 estendidas a familiares. A maioria dos casos foi arquivada, indeferida ou extinta por ausência dos solicitantes em entrevistas ou pela não renovação de protocolos.

A migração cubana recente tem sido impulsionada pela crise econômica crônica na ilha. A escassez de alimentos, combustível e energia se intensificou nos últimos anos. Em março, o país enfrentou o segundo apagão nacional em apenas quatro meses.

Além de ser um destino para refúgio, o Brasil tem sido utilizado por muitos cubanos como rota de passagem para países como Uruguai, Chile e, especialmente, Estados Unidos. No entanto, as políticas de deportação em massa adotadas por Washington têm levado parte desses migrantes a reconsiderar o destino final.


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