Centenas de militares das Forças Armadas vão planejar como será o deslocamento das tropas, embarcações, blindados e aeronaves de várias partes do Brasil para a Amazônia durante a Operação Atlas. As informações são do Ministério da Defesa e foram divulgadas nesta segunda-feira (30 de junho). O deslocamento da estrutura está programada para ser concluída até o dia 10.
A operação vai reunir Exército, Marinha e Aeronáutica em área de selva entre os Estados de Roraima, Amazonas, Pará e Amapá no período de 2 a 11 de outubro para aprimorar a logística, a mobilização e a prontidão operacional na região de fronteira com a Venezuela.
Confira o mapa da Operação Atlas:
Segundo o Almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, a etapa do planejamento é muito importante para execução das ações conjuntas dos militares, como aprimoramento de integração, validação de táticas e doutrinas.
“A Operação Atlas não é apenas mais um exercício de adestramento conjunto. É uma demonstração inequívoca de nossa capacidade de adaptação a cenários globais dinâmicos e complexos, de nossa prontidão e, também, da qualidade de resposta a qualquer desafio que se apresente”.
Atlas é otimização de operações anteriores
Ainda de acordo com o Ministério da Defesa, a Operação Atlas é uma otimização em relação a operações semelhantes feitas anteriormente e tem como foco a proteção da Amazônia e a promoção da soberania
A Atlas é dividida em 3 fases.
Além do planejamento, que acontece agora, também prevê o deslocamento estratégico de pessoal e equipamento militar entre 27 de setembro e 1º de outubro e, finalmente, exercícios em ambiente terrestre, marítimo e aéreo no período de 2 de outubro a 11 de outubro.
Também nesta segunda-feira, o Ministério da Defesa divulgou um vídeo que ilustra como será a Operação. Confira!
Escolha da Amazônia para Operação Atlas não foi à toa
A Operação Atlas foi anunciada pelo Ministério da Defesa em janeiro de 2025 como resposta à crescente tensão na região Norte brasileira causada pelo presidente da Venezuela Nicolás Maduro.
Acusado de ser ditador, Maduro já ameaçou cruzar o Estado de Roraima com suas tropas para chegar até Essequibo, na Guiana, e tomar o território rico em ouro e petróleo. Ex-aliado de Lula, o presidente venezuelano também está com raiva do Brasil pelo fato de o país não ter reconhecido sua vitória nas últimas eleições e de ter vetado sua entrada no Brics.
Em 2023, o Exército Brasileiro foi alertado sobre movimentação atípica das tropas de Maduro próximas à fronteira e houve a preocupação de que a Venezuela levasse adiante o plano de invadir a Guiana passando pelo Brasil.
Já em 23 de janeiro de 2025, carros de combate da Venezuela acabaram adentrando alguns metros do território brasileiro em Roraima para fazer uma manobra e deixaram em pânico a população de Pacaraima.
Pesou na ocasião o fato de a Venezuela ter fechado a fronteira com a Colômbia e o Brasil no período para realizar sua tradicional operação de adestramento e prontidão batizada de Escudo Bolivariano. Auxiliar de Maduro, Comandante Militar da Amazônia e Múcio minimizaram incidente
O chanceler da Venezuela Yván Gil minimizou o incidente e disse que o avanço das tropas sobre a região não foi intencional e pediu desculpas pelo que considerou um erro e um mal-entendido.
Ao ser entrevistado pelo jornalístico Manhã de Notícias, da TV Tiradentes de Manaus (AM), em 10 de março, o Comandante Militar da Amazônia, General Costa Neves, contou como reagiu ao episódio.
“A Venezuela fez esse exercício, aliás é um exercício que eles fazem com uma certa regularidade, e estivemos com nossas tropas prontas como sempre estão. Ali mesmo em Pacaraima nós temos um Pelotão Especial de Fronteira. Tinha ali um Esquadrão de Cavalaria Mecanizado e nós transformamos num Regimento. Era como se nós multiplicássemos por 3 nossa capacidade (…) Nossa tropa está muito bem preparada, muito bem capacitada. Nós temos radares, material de guerra eletrônica, nós estamos muito bem equipados para garantir a soberania do país”.
Na última vez em que foi questionado sobre o assunto, o ministro da Defesa José Múcio Monteiro disse que a situação na fronteira com a Venezuela está absolutamente sob controle.