EMENDAS DE SENADORES: Governo já reservou 56% para o Amazonas. Roraima só tem 2%
Levantamento feito com dados até 2 de julho mostra disparidade entre estados na Casa Alta. Veja o quanto foi empenhado em cada unidade federativa.
O ritmo do governo Lula para liberar as emendas individuais de senadores vem variando de estado para estado. Dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop) mostram que, até o dia 2 de julho, o governo empenhou cerca de 21% das emendas ao Orçamento de 2025 que vieram do Senado, mas esse percentual tem grande variação por unidade federativa - chegou a 56% no Amazonas e ficou em 2% em Roraima, por exemplo.
- As emendas individuais são uma parcela do Orçamento que cada parlamentar pode definir onde será aplicada. Em 2025, cada senador tem R$ 68 milhões para direcionar, enquanto cada deputado tem R$ 37 milhões. Para os congressistas, é uma chance de direcionar verba para investimentos em suas bases eleitorais.
- O empenho é a primeira etapa para a execução daquela emenda - o dinheiro foi separado para aquele fim, mas ainda não foi gasto. Os passos seguintes são a liquidação (quando o bem ou serviço comprado já foi prestado) e o pagamento (quando a verba de fato sai dos cofres públicos para pagar a prestação do serviço).
Essa desigualdade significa que certos estados estão recebendo a verba para obras escolhidas pelos parlamentares em um ritmo bem mais alto que outros. Aqui, trata-se das emendas individuais, que são impositivas: o governo precisa fazer os repasses em 2025, mas não há uma amarra a respeito de quando cada repasse tem que acontecer. Na prática, há uma fila; alguns senadores acabam sendo atendidos antes de outros.
As emendas parlamentares são um instrumento de política: ajudam congressistas a atender demandas de eleitores e a negociar apoio de aliados. Hoje, o atraso do governo em liberar as emendas vem sendo um dos pontos de tensão entre o governo e o Congresso Nacional - com metade do ano pela frente, ainda faltava empenhar mais de 80% das emendas individuais, considerando-se Câmara e Senado. Os dados acima mostram que esse atraso não se aplica igualmente a todas as bancadas.
A fila anda
Cada senador tem uma fatia igual de emendas parlamentares individuais para o ano, mas, na fila das liberações, alguns acabam sendo atendidos antes de outros. No caso do Senado, dois dos cinco parlamentares no topo da lista são nomes de peso na política do Amazonas:
- Eduardo Braga teve 85% das suas emendas individuais empenhadas, maior taxa do Senado até o início de julho. Do total das emendas, 42% foram liquidadas (o serviço foi contratado) e 36% foram pagas (o dinheiro efetivamente saiu dos cofres públicos). Braga é o líder do MDB no Senado, terceira maior bancada da Casa, e vem relatando projetos de grande importância, como os relacionados à reforma tributária.
- Omar Aziz teve empenhadas 56% das suas emendas individuais - terceira maior taxa do Senado -, sendo que 21% foram liquidadas e 15% pagas. Aziz é o líder do PSD, partido que tem a segunda maior bancada do Senado. É um nome cotado para presidir a CPI mista que vai investigar as fraudes do INSS, um colegiado que tem grandes chances de sangrar a popularidade do governo Lula se for dominado pela oposição.
O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) é o segundo com mais emendas empenhadas (68%), embora no caso dele nada tenha sido liquidado nem pago até 2 de julho. Completam o top 5 os senadores Davi Alcolumbre (União-AP), que é presidente do Senado, com 50% empenhados, 30% licenciadas e 30% pagos; e a senadora Augusta Brito (PT-CE), com 50% empenhados e nada licenciado ou pago.
Do outro lado, até 2 de julho, dois senadores ainda não tinham um centavo sequer das suas emendas parlamentares empenhado: o líder do Governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), e o senador Irajá (PSD-TO).