Instalada no Polo Industrial de Manaus, Coimpa tem contrato com empresa investigada por esquema de venda ilegal de mercúrio

14/08/2025 18h01 - Atualizado há 3 dias
Instalada no Polo Industrial de Manaus, Coimpa tem contrato com empresa investigada por esquema de venda
O mercúrio é utilizado na extração ilegal de ouro em garimpos na Amazônia, principalmente em terras indígenas.

Sediada no Polo Industrial de Manaus (PIM), a multinacional Coimpa, integrante do grupo Belga Umicore e especializada na fabricação de produtos oriundos de metais preciosos, mantém em seu quadro de clientes empresa envolvida em um esquema bilionário no comércio ilegal de mercúrio a garimpeiros na Amazônia.

Trata-se da empresa Metalms Industrial Brasileira de Metais, sediada em Arujá (SP), compradora dos metais ouro (Au) e prata (Ag) entre outros metais preciosos da Coimpa e que é investigada pela Polícia Federal e foi alvo da operação Hermes e seria a peça-chave no fornecimento de mercúrio a garimpeiros

A Metalms foi citada como investigada em operação da Polícia Federal, em 2022, quando a Polícia Federal combateu um esquema criminoso especializado no contrabando e acobertamento de mercúrio, que tinha como destino final o abastecimento de garimpos em áreas que compõem a Amazônia - Amazonas, Pará, Mato Grosso, Rondônia e Roraima.

Na época, a Justiça Federal determinou o bloqueio de aproximadamente R$ 3 bilhões dos envolvidos no esquema criminoso.

Esquema

No esquema, de acordo com a Polícia Federal, o grupo criminoso, que envolvia diversos empresários do ramo de metalurgia de metais preciosos, burlava o sistema do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para justificar a importação de mercúrio de países vizinhos, da América do Sul.

A substância era utilizada na cadeia de garimpo ilegal na Amazônia, mais especificamente no Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará. Na mineração, o mercúrio serve para separar o ouro de outros sedimentos.

Metalms no centro do grupo criminoso

De acordo com o Portal Olhar Jurídico, o grupo criminoso tinha suas atribuições no fornecimento de mercúrio ilegal aos garimpeiros, com núcleos previamente divididos.

No papel de fornecedores, a empresa Metalms Indústria Brasileira de Metais, figura como papel central no grupo criminoso, e teria sido responsável pela venda de mais de 500 kg de mercúrio ilegal, além de possuir créditos de mercúrio no sistema do Ibama, apto a legalizar toda a cadeia.

Ainda de acordo com a reportagem do Olhar Jurídico, o esquema era formado pela cadeia com as seguintes funções: fornecedores, sócios, financiadores, intermediários, compradores e operacionais.

Desembargador mantém empresário como investigado

No último dia 28 de julho de 2025, o desembargador do Tribunal Federal da 3ª Região André Nekatschalow negou Habeas Corpus impetrado em favor dos sócios da Metalms, Carlos Morelli e seu filho Ferdinando Morelli, que tentava derrubar a investigação da Polícia Federal. Os investigados alegavam falta de provas e que a venda do mercúrio foi lícita, tentando derrubar pareces do Ibama que denunciou o esquema criminoso.

O desembargador, em sua decisão, destaca que a empresa, cliente da Coimpa, teria realizado vendas suspeitas de mercúrio à uma associação.

“Ademais, conforme Representação da Autoridade Policial por medida cautelar para expedição de mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, sequestro, entre outras (Id. n. 325308991, pp. 01/326), deferidas pela autoridade impetrada (Id. n. 325308991, pp. 372/408), a empresa Metalms Industrial Brasileira de Metais Ltda., administrada pelos pacientes, realizou vendas suspeitas de mercúrio não somente a Wagner Fernando Gonçalves, mas também para a Cooperativa de Mineradores e Garimpeiros da Região de Aripuanã – Coopemiga e para as empresas Admf Comércio e Serviços Ltda – ME, Nothi Comercial Ltda. e Quimar Comércio de Produtos Químicos e Tratamento, após o bloqueio da empresa JS Torres, integrantes do grupo investigado no âmbito da Operação Hermes, denominado Grupo Veggi”, declarou o magistrado.

No último mês (julho), a Coimpa emitiu ao menos três notas fiscais junto à Metalms totalizando o montante de mais de R$ 7 milhões pela aquisição de metais preciosos.

A parceria entre empresas deixa a Coimpa em desacordo com a política de compliance, que é o conjunto de regras, processos e boas práticas que uma empresa adota para garantir que suas atividades estão em total conformidade com leis trabalhistas, fiscais, ambientais e anticorrupção, além de políticas internas, como o código de conduta e as diretrizes de ética.

Ao manter um cliente investigado pela Polícia Federal, cuja investigação foca em venda ilegal de um produto tão danoso ao meio ambiente e a população indígena como o mercúrio, a Coimpa vai na contramão das conformidades exigidas pelo compliance, política global que norteia grandes empresas, institutos e demais sociedades privadas, na política da ética, da moralidade, da eficácia das boas práticas, atitudes pilares do mundo das multinacionais e ao que ela mesmo prega em suas mídias sociais:

“A Coimpa combina sucesso comercial com responsabilidade social e comprometimento com a proteção ao meio ambiente. Por essa razão, somos um membro da RJC. Na Coimpa, estamos totalmente cientes da responsabilidade perante nossos clientes, trabalhadores e meio ambiente. Assim sendo, a Coimpa oferece seu suporte como um parceiro comercial completo no que diz respeito ao fornecimento de metais preciosos. “

 

fonte: https://www.umicore.com.br/pt/about/membro-da-rjc/


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