Nesta segunda-feira (18), o Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR), completa 16 anos de atendimento multidisciplinar às vítimas de violência doméstica e familiar. Um braço da Secretaria Especial da Mulher, a unidade ampliou os serviços no último ano, com oferta de aulas de defesa pessoal, criação de grupo terapêutico, palestras informativas e ações de saúde e beleza em caravanas pelo interior do estado.
Implantado em 18 de agosto de 2009, pela então deputada Marília Pinto, o Chame se modernizou, assim como a Lei Maria da Penha. Com serviços sociais, psicológicos e jurídicos, assegurou às mulheres vítimas de violência um espaço para uma escuta humanizada e a possibilidade de tratar também as sequelas emocionais. A rede de apoio se fortaleceu e, atualmente, desenvolve diversos projetos, mostrando que é possível atuar de maneira transversal em diferentes campos, como:
No final de 2023, a Assembleia Legislativa deu outro passo decisivo na política de enfrentamento à violência doméstica e familiar. Os deputados mudaram o Regimento Interno da Casa e trouxeram a Secretaria Especial da Mulher para a Mesa Diretora, possibilitando que os temas relacionados ao público feminino ficassem mais próximos do espaço de decisões do Poder Legislativo, dando celeridade às discussões e transformando as políticas públicas em ações concretas.
“Esta Casa sempre esteve comprometida com esta causa, pois entende que o combate à violência é um dever do estado, com participação da sociedade. O Chame foi um marco neste enfrentamento e se consolida ano após ano com a implementação de iniciativas que não apenas escutam as mulheres, mas permitem que aquelas, em situação de vulnerabilidade, tenham acesso a roupas, sapatos, que aprendam a se defender, que tratem as sequelas emocionais. O Poder Legislativo continuará trabalhando para que a violência deixe de ser uma realidade”, enfatizou o presidente da Assembleia, deputado Soldado Sampaio (Republicanos).
Atua para proteger
Nesses 16 anos de história, o Chame realizou mais de 13 mil atendimentos. Somente pelo ZapChame (95) 980402-0502, canal em que mulheres podem enviar mensagem e receber ajuda, foram feitos 3.081 atendimentos nos últimos nove anos. O serviço funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, em qualquer cidade de Roraima.
As ações do Chame tem mostrado o quanto seu papel tem sido importante em Roraima, sobretudo quando se olha o cenário de violência contra a mulher no estado. Dados do Anuário da Segurança Pública 2025 mostram que, nos últimos dois anos, foram registrados 1,5 mil estupros, todos com vítimas mulheres. Além disso, 201 casos de assédio sexual e 382 de importunação sexual. Os números podem ser ainda maiores, devido à subnotificação e a falta de denúncia por parte das vítimas.
Por essa razão, como parte do Agosto Lilás, campanha de alerta e conscientização sobre a violência contra a mulher, o Chame estendeu os serviços da “Caravana da Mulher” e chegou ao município de Normandia.
A ação levou atendimentos médicos especializados, como ginecologia e oftalmologia, cuidados com a beleza e bem-estar; também foram ministradas palestras informativas, com orientações sobre o crime e como denunciar. Essa foi a quarta edição da caravana, depois de três eventos realizados no município de Rorainópolis.
“Essa foi a primeira vez que vi uma ação como esta aqui. Facilitou muito a consulta, porque ir até outra cidade é longe. Eu gostei e amei muito, porque pude trazer meus filhos para serem atendidos na pediatria e verificar como está a saúde deles. Amei o trabalho, a equipe e todos os serviços que foram disponibilizados. Estou muito grata”, contou satisfeita, a agente de saúde Cleide Souza, ao participar da caravana em Normandia.
A diretora do Chame, Hannah Monteiro disse que a caravana é primordial para levar orientação sobre os serviços do centro e, principalmente, como os casos de violência podem ser denunciados.
“Com a caravana, conseguimos trazer a população para perto da secretaria, conversar com cada um, explicar os serviços do Chame, como denunciar os casos de violência e acessar a rede de proteção. Enquanto as pessoas esperam por atendimento médico, elas são orientadas por nossas equipes, que repassam as informações sobre violência de maneira mais leve, tanto para os homens quanto para as mulheres. Então, a caravana do Agosto Lilás é realmente alusiva ao enfrentamento da violência. Pessoas, de forma discreta, perguntam, tiram dúvidas, porque às vezes, as pessoas têm vergonha de perguntar diretamente, por medo de ficar caracterizada a violência doméstica e familiar. E aqui conseguimos fazer um atendimento de maneira mais imperceptível e repassar as informações necessárias”, avaliou Hannah.
Cuidando da alma
O grupo Flor de Lótus é uma das iniciativas para tratar as feridas emocionais. O projeto oferece 14 encontros terapêuticos promovendo escuta acolhedora, autoconhecimento e ressignificação da história de vida. Os encontros foram iniciados em 2024, com a proposta de trabalhar a autoestima de mulheres vítimas de violência, e já finalizou a terceira turma. Em breve, novas vagas estarão disponíveis.
Outra mulher, que pediu para não ser identificada, relatou como se sentiu ao ser acolhida no centro. “Procurei o Chame por uma situação pessoal muito delicada, e o atendimento foi maravilhoso. Não imaginava que existiam pessoas tão maravilhosas para nos ajudar, com um acolhimento tão maravilhoso. No primeiro dia, já me senti uma nova pessoa. Sou muito grata por todo suporte que a equipe me deu”, disse agradecida.
Cada turma é conduzida por uma equipe multidisciplinar, composta por psicóloga, psicanalista e assistente social, que garante um espaço seguro, sigiloso e acolhedor, em que as participantes podem compartilhar experiências e encontrar apoio no processo de transformação pessoal. Quem desejar participar do grupo pode procurar a sede da Secretaria Especial da Mulher, localizada na avenida Santos Dumont, nº 1470, bairro Aparecida, em Boa Vista, ou enviar mensagem no ZapChame.
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Informações e fotos: SupCom ALERR
