Um país vizinho ao Brasil se tornou o que mais cresce no mundo: a Guiana deve ver sua economia aumentar 38% neste ano, projeta o FMI. A alta é puxada pelo forte aumento da exploraçao de petróleo na região equatorial, também perto da Amazônia.
O avanço da Guiana, puxado pela expansão do petróleo, esquenta o debate sobre a possibilidade de o Brasil também explorar reservas no mar próximo à foz do rio Amazonas. Um pedido da Petrobras feito ao Ibama para prospectar campos na região foi negado, mas o tema segue em debate no governo Lula. Em 2022, o PIB da Guiana foi de 14,52 bilhões de dólares, de acordo com o FMI. Como comparação, o do Brasil foi de 1,9 trilhão de dólares.
No ano passado, a Guiana já havia registrado crescimento recorde, de 62,3%. Com isso, a taxa de pobreza, que era de 60% da população em 2006, é estimada hoje em cerca de 40%. O país tem cerca de 800 mil habitantes. Foi colonizado por holandeses e britânicos e conseguiu a independência em 1966. É o único país que fala inglês na América do Sul.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) avalia que o ritmo de crescimento da Guiana deve seguir forte nos próximos anos. O fundo enviou uma missão ao país e publicou suas conclusões em meados de setembro.
"A produção de petróleo está aumentando na esteira de um terceiro campo de extração, e o crescimento nos setores não-petrolíferos é apoiado pela implantação de um programa investimento público acelerado, focado em prover transporte, habitação e controle de enchentes, e de aumento do capital humano", aponta o FMI.
O fundo aponta que outros setores da Guiana, como agricultura, mineração e serviços, também estão indo bem. A inflação, que atingiu 7,2% no fim de 2022, está em queda. Já o desemprego terminou o ano no país em 12,4%.
A entidade recomendou que o país mantenha a disciplina fiscal para conter uma possível alta da inflação, mas apontou que a dívida pública vem caindo: passou de 43,2% do PIB em 2021 para 26% em 2022. Há expectativa de que as despesas se equiparem às receitas em 2028.
A BMI, unidade de pesquisas da Fitch, também estima que o país seguirá crescendo rápido, em ritmo que será ditado pela expansão da exploração de petróleo. A consultoria estima que o volume de produção, hoje em 390 mil barris por dia, deva superar 1 milhão por dia até 2027, conforme novos campos entrem em operação.
A Exxon Mobil estima que a Guiana tenha reservas, em sua região costeira, de 11 billhões de barris de petróleo. Como comparação, o Brasil tem 14,8 bilhões de barris em reservas comprovadas e mais cerca de 49 bilhões de barris em reservas prováveis ou possíveis, segundo boletim da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Entre 2022 e 2031, só o pré-sal brasileiro deve gerar 8,2 bilhões de barris de petróleo, segundo projeção da Pré-Sal Petróleo, estatal criada para administrar a reserva.
Os países correm para aproveitar as reservas pois a transição energética deve diminuir a demanda por petróleo nos próximos anos. A IEA (Agência Internacional de Energia) estima que o uso global do insumo deve ter crescimento mais lento nos próximos anos e atingir seu ápice até o final desta década. Depois disso, deve vir uma queda, especialmente no uso como combustível, já que a adoção de carros elétricos avança em várias partes do mundo.