06/11/2023 às 08h44min - Atualizada em 06/11/2023 às 08h44min
SAÚDE FÍSICA E MENTAL Lei institui semana de conscientização e prevenção ao uso de eletrônicos para crianças.
Psicopedagoga fala sobre riscos de excesso para crianças e dá dicas para reduzir tempo de aparelhos.
- Informações: SupComALE
Foto: Divulgação/SupCom/ALE A primeira semana de novembro é destinada à conscientização e prevenção sobre os males causados pelo uso intenso de celulares, tablets e computadores por bebês e crianças. Esse cuidado contribuirá para o melhor desenvolvimento da criança e para um adulto mais saudável, uma vez que a exposição excessiva às telas pode acarretar problemas físicos e mentais.
A Lei nº 1787/2023 que institui a Semana de Conscientização e Prevenção ao Uso de Aparelhos Eletrônicos é de autoria do deputado Chico Mozart (PP) e pode ser acessada no https://sapl.al.rr.leg.br/media/sapl/public/normajuridica/2023/4168/lei_no_1787_de_17_de_janeiro_de_2023.pdf.
O uso de equipamentos eletrônicos em excesso prejudica o desenvolvimento das crianças, afetando a concentração, visão, audição e autoestima. A psicopedagoga Gabriele Almeida, especialista em atendimento infantojuvenil, explica quais são as consequências cognitivas para as crianças e ensina como driblar a permanência contínua delas à frente da TV, tablet, celular e computador. “A exposição em excesso prejudica a saúde pelo fato da criança ser muito imatura e não conseguir ainda diferenciar o real do imaginário. Isso pode comprometer um processo de desenvolvimento saudável, pois, além da saúde física, causa prejuízos no aprendizado, sono e a torna sedentária, pois acaba por não praticar atividade física”, disse a psicopedagoga.
Na fase adulta, explicou Gabriele, o prejuízo será em decorrência da falta de estímulo. “Consequentemente, será um adulto muito dependente, que faz comparações que causam danos à autoestima. Ele acaba se privando, muitas vezes, de viver a vida de forma saudável, ao focar somente naquela realidade virtual, que a gente bem sabe que não condiz com o nosso dia a dia”, exemplificou.
Do ponto de vista biológico, detalhou Gabriele, como o mundo virtual tem muito mais cores, “isso aumenta mais os estímulos e vai afetando a audição e a visão da criança”, motivando-a a ficar constantemente exposta, o “que a gente chama de processo de dependência de toda essa tecnologia”.
Mas é possível mudar essa realidade. Para isso, os pais devem ficar atentos e proporcionar brincadeiras que tirem o foco dos aparelhos eletrônicos, além de explicar sobre esses prejuízos.
“Quando a gente fala de controle, deve observar o que todos os especialistas dizem: que até dois anos de idade, zero telas. Passou dos dois anos, tem que se cronometrar entre uma hora e uma hora e meia, e observar os conteúdos apropriados para aquela idade. Na fase da adolescência, se deve priorizar a questão da segurança, conscientizar sobre a privacidade desse adolescente, mas com a supervisão do adulto”, orientou.
Ela sugere que sejam feitas brincadeiras que proporcionem a interação social tanto com a família quanto a sociedade. “A gente realmente tem um tempo de qualidade cada vez mais reduzido por causa da rotina e tudo fica muito maçante. Mas quando a gente fala de tecnologia e o contato com a família, os pais devem sempre ter a consciência de que isso gera vínculo, acolhimento”, reforçou.
Brincadeiras tradicionais
A professora Tatiane Lopes tem dois filhos e o mais velho, Ronald Ramiro Ramos Filho, tem três anos. O mundo imaginário dele está dentro de um baú com inúmeros brinquedos para exercitar a pintura, desenho, modelagem de massinha e fazer bolhas de sabão no ar.
Ela conta que o filho só usa o celular quando é para se comunicar com a família e que apenas assiste à televisão quando os pais definem o conteúdo. Para driblar o uso do aparelho, os pais compraram um de brinquedo que repete tudo que ele fala. Ela também comprou uma lousa mágica do tamanho de um tablet. Os rabiscos que faz estimulam a criatividade e fazem ele ter a impressão de que é um tablet de verdade.
“A gente sempre tentou incentivá-lo para esse mundo imaginário e para o processo de socialização, o que permite que ele converse mais com a gente, conte o que quer fazer, a fim de que não use o celular. Ele não sabe ligar o celular nem a TV, e passou a interagir mais com os personagens do desenho quando foi para a escola e os colegas falavam sobre o Homem- Aranha. Então, passamos a assistir ao desenho com ele para não ficar totalmente fora desse universo de diálogos dos colegas”, contou a mãe.
A contação de histórias também faz parte do mundo de Ramiro. Tatiane conta histórias, mas utiliza o podcast de histórias infantis para prender a atenção da criança, que viaja nas historinhas até adormecer.
Ela reconhece que é uma tarefa árdua manter os filhos longe das telas, e sabe que toda essa prática só é possível porque o marido ajuda, bem como os demais integrantes da casa. “Eu não condeno quem usa o celular para distrair o filho. Muitas vezes, a mãe quer almoçar e para conseguir isso com tranquilidade, faz uso do celular. Talvez, se eu não tivesse essa ajuda, seria diferente também comigo”, disse.