26/11/2023 às 08h35min - Atualizada em 26/11/2023 às 08h35min

VENEZUELA vs GUIANA | O negócio que pode provocar um "terremoto" nas nossas fronteiras

- Por Anna Dulce
Com um território inferior ao do Estado de São Paulo, a Guiana, país situado na fronteira norte do Brasil, vizinho de Roraima e do Pará, está no centro de uma crescente tensão geopolítica no continente. O motivo? As descobertas de reservas de petróleo extraordinárias, que podem ser equivalentes a 75% do total atualmente encontrado em nosso país.

Depois que o governo guianense divulgou, em outubro deste ano, “uma descoberta significativa” de petróleo em águas reclamadas pela Venezuela, a tensão entre os dois países escalou. No mês seguinte, em novembro, o presidente venezuelano Nicolás Maduro anunciou, atraves da rede social X, a realização de um referendo para anexar um território da Guiana ao país. 

A proposta envolve a criação de um estado (província) na região de Guiana Essequiba e a nacionalização dos seus habitantes, e foi convocado por Caracas para 3 de dezembro. A área que seria anexada equivale a dois terços do território guianense e concentra os campos e blocos exploratórios de petróleo, que têm reservas de mais de 10 bilhões de barris.

Chamando a iniciativa de ilegal, a Guiana apelou à “resistência” e recebeu o apoio da Comunidade do Caribe (Caricom) e do secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro. Antes disso, o país já havia se recusado a participar de uma reunião proposta por Maduro para resolver a controvérsia territorial entre os dois países. À época, a chancelaria venezuelana disse que a Guiana “mais uma vez se mostra um governo subalterno, refém da transnacional ExxonMobil, que a proíbe de retomar o diálogo soberano com a Venezuela”. 

De acordo com a chancelaria, “a posição arrogante e hostil da Guiana, negando o diálogo e a diplomacia, é o maior obstáculo para alcançar uma solução”. 
Já a Guiana, considera que a via para resolver a disputa é a Corte Internacional de Justiça, que cuida do tema desde 2018, e disse que não participará de nada que a evada. O país defende um limite estabelecido em 1899 por uma corte de arbitragem de Paris. 

A Venezuela, enquanto isso, reivindica o Acordo de Genebra, assinado em 1966 com o Reino Unido antes da independência guianesa e que estabelecia bases para uma solução negociada, além de não reconhecer o acordo anterior. Também envolvidos na confusão, uma vez que têm várias empresas atuando na exploração de petróleo na Guiana, os Estados Unidos prometeram fortalecer as relações em matéria de defesa e segurança com o país sul-americano.

Em resposta, Caracas acusou o país vizinho de agir para “proteger empresas energéticas estadunidenses” e, em comunicado, rechaçou “de maneira contundente o anúncio conjunto realizado pela Guiana e pelo governo dos EUA que dão conta de um aumento da presença militar na região”.

Na costa da Guiana, a multinacional norte-americana Exxon Mobile opera poços offshore com capacidade estimada em 11 bilhões de barris de petróleo desde 2015, quando os recursos foram descobertos.

Em setembro, a presença de militares estadunidenses na Guiana foi divulgada, com o anúncio da própria embaixada dos EUA no país de que uma unidade das Brigadas de Assistência de Forças de Seguranças, divisão que responde ao Exército dos EUA destinada a operar em outros países, havia sido recebida. 
 
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