16/12/2023 às 07h20min - Atualizada em 16/12/2023 às 07h20min
Exército vê situação “sob controle”, mas mantém reforço na fronteira com a Venezuela, em Roraima
Tensão na região antecipou em pelo menos um ano a transformação do atual Esquadrão de Cavalaria Mecanizado em Regimento de Boa Vista
O Exército avaliou como positivo o resultado da reunião entre Venezuela e Guiana sobre a disputa por Essequibo. Apesar de considerar que a situação está “sob controle”, a Força não mudará o planejamento de reforço na fronteira do Brasil, segundo apurou a CNN. Nesta sexta-feira (15), um comboio de 16 blindados do Exército chegou a Belém (PA). De lá, embarca em uma balsa para Manaus (AM), de onde partirá para Boa Vista.
A tensão entre a Venezuela e a Guiana na disputa pelo território de Essequibo fez com que o Exército brasileiro antecipasse, em pelo menos um ano, a transformação do atual Esquadrão de Cavalaria Mecanizado em Regimento de Boa Vista, em Roraima.
A mudança da estrutura na região era planejada desde 2009. A previsão era concretizar a reformulação em 2025, mas a questão geopolítica na fronteira antecipou. No dia 29 de novembro, o comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, publicou uma portaria determinando a ativação do 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado, com sede em Boa Vista, subordinado à 1ª Brigada de Infantaria na Selva.
Foi essa mudança, inclusive, que permitiu o envio dos 16 blindados para reforçar a frota no estado. Outros 12 veículos já estão na região. Além disso, a alteração permitiu triplicar a tropa na região. Enquanto um Esquadrão tem cerca de 200 militares, o Regimento terá cerca de 600 militares, distribuídos em três esquadrões.O Exército também aumentou o efetivo em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, de 70 para 130 militares.
Os presidentes de Guiana, Irfaan Ali, e Venezuela, Nicolás Maduro, concordaram em evitar a escalada do conflito pela região de Essequibo e em fazer uma próxima reunião no Brasil nos próximos três meses, conforme anunciado em declaração conjunta nesta quinta-feira (14), após reunião em São Vicente e Granadinas.
Entre os destaques do documento assinado pelos dois países está o acordo para “não ameaçar ou usar a força uns contra os outros em quaisquer circunstâncias, incluindo aquelas decorrentes de quaisquer controvérsias entre os dois Estados”.
“Ambos os Estados se absterão, seja por palavras ou atos, de agravar qualquer conflito ou desacordo decorrente de qualquer polêmica entre eles. Os dois Estados cooperarão para evitar incidentes no terreno que conduzam à tensão entre eles”, ressalta o comunicado conjunto.
Na avaliação de militares brasileiros, a reunião reforça que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não tentará uma investida contra Guiana passando pelo Brasil e, que neste momento, a situação é avaliada como tranquila.