"Nenhuma das partes recorrerá a ameaças ou à invocação do uso da força", assegurou Gil.
"Foi uma discussão muito franca, aberta, sem limitações, um triunfo da diplomacia", complementou o ministro venezuelano, após o encontro — o primeiro entre os dois países, após a reunião de cúpula de São Vicente e Granadinas, em dezembro, quando os presidentes Nicolás Maduro (Venezuela) e Irfaan Ali (Guiana) acertaram que o diálogo seria "permanente e periódico".
Apesar do clima amistoso, uma declaração do representante do governo venezuelano deixou claro o foco da disputa: a exploração de petróleo pela Guiana em um trecho marítimo disputado pelos dois países. Ele disse que será abordado, "à luz do direito internacional", a "disposição unilateral" da Guiana de explorar uma área que "ainda está por ser delimitada".
Sob observação do chanceler Mauro Vieira e de representantes das Nações Unidas e de São Vicente e Granadinas, Guiana e Venezuela ratificaram a decisão de encaminhar a análise de acordos firmados no passado em cortes internacionais. Ao fim do encontro, os ministros de Brasil, Guiana e Venezuela reafirmaram o compromisso de que a disputa pelo Essequibo não incluirá "terceiras partes" — em referência às potências mundiais que apoiam os governo de Caracas ou de Georgetown.
"Nossa região tem todos os instrumentos necessários para avançar em seu projeto comum de desenvolvimento social justo, em ambiente pacífico e solidário. Ao nos depararmos com guerras que conflagram em diferentes partes do mundo, aprendemos a valorizar ainda mais a nossa cultura latino-americana e caribenha de solução pacífica de controvérsias em um ambiente livre de tensões geopolíticas de origem extrarregional", salientou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai a Georgetown como convidado da cúpula da Comunidade dos Estados do Caribe, em 28 de fevereiro. O colegiado integra o grupo que acompanha as negociações entre a Venezuela e a Guiana.