O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta terça-feira (9) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva estuda retomar a compra de energia da Usina Hidrelétrica de Guri, na Venezuela, para o abastecimento do Estado de Roraima. l.
De acordo com Silveira, o objetivo é restabelecer o diálogo com Caracas, já que o Estado de Roraima é o único que ainda se mantém desconectado do sistema interligado de energia nacional. A maior parte do atendimento aos consumidores locais ocorreu até o começo de 2019, por meio da transferência de energia do Linhão de Guri.
O objetivo de Lula
O fornecimento de energia em Roraima foi interrompido durante os apagões históricos na Venezuela, que ocorreram nos primeiros meses do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O abastecimento não voltou a acontecer. O contato, que era quase inexistente entre o Brasil e a Venezuela, tornou-se mais difícil nos últimos anos. Isso porque o governo brasileiro rompeu com a ditadura bolivariana.
Porém, no entendimento do ministro, o “extremismo ideológico” prejudicou os consumidores brasileiros como um todo. Depois do corte, Roraima passou a contar com usinas termelétricas movidas a óleo combustível e a gás natural. Em 2021, o governo Bolsonaro inaugurou mais uma termelétrica no Estado, a Jaguatirica II.
De acordo com Silveira, a energia proveniente da Venezuela custa cerca de R$ 100 por megawatt-hora (MWh) e tem um benefício ambiental, por ser totalmente renovável. “É uma insanidade deixarmos de usar energia limpa para queimarmos energia fóssil, é mais cara.” Na segunda-feira 15, Silveira vai se encontrar em Brasília com o secretário-executivo da Associação Latino-Americana de Energia (Olade), Andrés Rebolledo, para discutir possibilidades de integração energética.
O fim da transmissão
Desde 2001, com a inauguração da interconexão do complexo hidrelétrico de Guri com a cidade de Boa Vista, Roraima tinha uma parceria consolidada com Caracas para o abastecimento de energia elétrica. Roraima é o único Estado que não está interligado ao sistema elétrico nacional. Contudo, em 2019, o fornecimento foi interrompido depois de uma série de apagões históricos na Venezuela e nunca mais foi retomado.
As tensões políticas entre o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Nicolás Maduro, chefe do executivo venezuelano, também contribuíram para o fim dessa cooperação. Silveira classificou a condução de Bolsonaro no episódio como “extremismo ideológico” e disse que quem mais perdeu foram os consumidores brasileiros.
Segundo o ministro, a energia venezuelana chega a ser 10 vezes mais barata e tem um benefício ambiental, por ser renovável. Com o fim da parceria, Roraima passou a ser abastecida por usinas térmicas movidas a óleo combustível e a gás natural. O preço da energia no Estado decolou e foi transferido a todo o país devido ao CCC (Conta de Consumo de Combustíveis). O CCC é um encargo pago pelas distribuidoras e transmissoras de energia