06/07/2024 às 14h50min - Atualizada em 06/07/2024 às 14h50min

REINADO POLÍTICO: Sampaio afirma que a forma de Denarium governar “não interessa ao povo de Roraima”

Para o presidente da Assembleia, governador não se relaciona bem com aliados e toma decisões de forma unilateral

- Por Expedito Perônnico
Fotos: Assessoria Parlamenter
"Uma espécie de ‘reinado político’ se instalou no Governo de Roraima onde as decisões são tomadas de forma absolutamente unilateral sem que aliados sejam ouvidos, muito menos a população. Essa forma de governar não interessa ao povo tampouco contribui para o desenvolvimento do Estado”. É avaliação que faz o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Soldado Sampaio (Republicanos) do modo ‘concentrador e pessoal’ adotado pelo governador Antonio Denarium (PP) na condução do Estado.

Ao participar neste sábado (6) do programa Bastidores da Política – Rádio Tropical FM 94.1 – Sampaio justificou mais uma vez as razões que o levaram a abri mão da aliança política que tinha com o governador. O parlamentar reafirmou que enquanto durou a aliança ele foi parceiro e leal, ajudou a viabilizar muitos projetos do interesse do Estado, mas a união se fragilizou quando percebeu que o projeto de Denarium “é de poder, pessoal e não político e coletivo”.

 

“O poder não pode ser concentrado porque não vivemos um imperialismo político como antigamente. Denarium não se elegeu sozinho, portanto seria natural que dividisse as decisões com os aliados. Mas ele não faz isso. Quer governador sozinho, não escuta ninguém, ao mesmo tempo em exige que todos concordem com o que faz. E tem agido de forma que muitas vezes constrange os aliados e contraria o interesse do povo e não gera nenhum benefício para o Estado. Denarium está em dívida com o povo roraimense porque não está cumprindo aquilo que prometeu em campanha. Ele tem que mudar seu pensamento, mudar sua forma de governador e procurar se reconciliar com a população de Roraima, sobretudo com que votou nele para dois mandatos”
,
disse Sampaio.

Sampaio disse que enquanto foi aliado de Denarium tudo que o governador enviou para a Assembleia foi aprovado. “Então de nossa lealdade (Assembleia Legislativa) e do meu comprometimento enquanto aliado ele não pode reclamar”. Mas que Denarium cometeu vários pecados “e ainda os comete” por ser teimoso e soberbo ao rejeitar recomendações e sugestões dos aliados políticos para determinadas decisões.

“Foram várias os momentos de desgastes entre nós dois. Sempre que o procurava com demandas e queixas da sociedade para temas importantes como a descaso na saúde pública, o declínio na educação, a fragilidade na segurança, a ruina na infraestrutura, por exemplo, ele simplesmente ignorava. Então se ele quer governador sozinho, deduzi que não precisa de aliados. Ele não pensa e não planeja as ações de Governo ouvindo as pessoas. Quase tudo é feito na base do improviso. E depois de tanto enfrentá-lo e ser vencido naquilo que defendi como sendo o melhor para Roraima, decidi que havia chegado a hora de partir. E o fiz sem rancores, sem ressentimentos, porque Denarium não é meu inimigo. E como divergimos naquilo que pensamos, essa relação não pode dar certo”, afirma o parlamentar.

O deputado disse que Denarium tem que repensar suas posições e buscar se reconciliar com o povo. “Ele está em falta com o povo, porque não cumpre o que prometeu para quem votou nele. Ele prometeu agir contra a corrupção, investir em atividades germinativas que gerassem renda e qualidade de vida para a população, prometeu um Estado transparente, educação de qualidade, saúde pública eficiente, estradas transitáveis, mas nada disso acontece. Ao contrário, a população está assustada com a gestão dele pela forma como é conduzida e diante de tantas denúncias de desmando e corrupção que surgem todos os dias”.
 
O PP DE HIRAN ESTÁ SENDO USADO
Embora afirme que não existe enfrentamento entre ele e Denarium, o deputado Sampaio disse que o governador não está agindo com racionalidade ao tentar anular uma eleição “legítima” que possibilitou a recondução da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa para o biênio 2025-2026.

“Ao questionar a recondução de nossos mandatos, Denarium está usando o partido dele, o PP, para atos de revanchismo puramente pessoal. Nós fizemos uma recondução legal, amparada pelo Regimento Interno da Casa e com base na Constituição Estadual. O PP está sendo usado, junto com o senador Hiran, para tumultuar o processo político em Roraima. Denarium tem que aceitar a independência constitucional dos poderes. Ele tem que cuidar do Estado, só isso”.

| Hiram Gonçalves foi eleito senador em 2022 com apoio do deputado Sampaio
 
No dia 3 deste mês – quarta-feira passada – o Partido Progressistas (PP), comandado em Roraima pelo senador Hiran Gonçalves – a quem Sampaio ajudou a eleger – ingressou com ação na 2ª Vara da Fazenda Pública, pedindo para anular a reeleição de Sampaio para um segundo mandato que se inicia em janeiro de 2025. O PP alega que Sampaio foi reeleito para um terceiro mandato, mas não é esse o entendimento da Procuradoria Jurídica da Assembleia, uma vez que os meses em que Sampaio comandou a Presidência com o afastamento de Jalser Renier, não contam como mandato.

Mas o fato é que esse episódio do pedido de anulação da recondução de Sampaio atiçou ainda mais os bastidores da política local. Sampaio disse na entrevista deste sábado que está tranquilo, sereno e que sua reeleição se deu de forma legal, com o voto dos 24 deputados da Casa, inclusive com votos de três deputados do PP e que se houvesse nova eleição hoje, os parlamentares do PP votariam nele de novo. “Vou me defender na Justiça. Estou pronto para enfrentar a situação e não vou abrir guerra pessoal com o governador".

Sampaio disse que lamenta que o PP esteja sendo utilizado por Denarium para manobras “pessoais e revanchistas”. Ele avalia que se o Hiran [senador] tivesse procurado os deputados do Partido para apoiá-lo nessa aventura, certamente teria “ganhado um não”. “Acho o Hiran um bom senador, salvamos a eleição dele em 2022 mas ele tem que se voltar para seu verdadeiro ofício que é cuidar dos interesses de Roraima em Brasília, principalmente da saúde pública que vive um caos”, diz Sampaio.

 
“Se o pedido de anulação de nossa recondução é represália do Denarium, porque aceitamos o pedido de Impeachment dele, a estratégia política está errada. Ele está agindo com passionalismo em detrimento da razão. O Estado não é propriedade dele [Denarium] e o povo não pode ser penalizado por atitudes pessoais do governador. Quero deixar bem claro que não estou em guerra pessoal com o governador por ter me desligado do grupo político dele. E que fique bem claro: o Poder Legislativo não é propriedade dele, mas do povo de Roraima”.
 
IMPEACHMENT: PROVAS CONSISTENTES
Sobre o pedido de Impeachment protocolado na Assembleia Legislativa contra Denarium no dia 19 de junho, por Fábio Almeida e Rudson Leite – candidatos ao Governo de Roraima nas eleições de 2022 – Sampaio disse que sua admissão se deu pelo conjunto das provas e pela consistência da denúncia. Entre as acusações do documento constam irregularidades na administração pública, desvios de recursos, nepotismo, uso de programas sociais para fins eleitorais e abuso de poder político econômico na eleições passadas.

O acatamento da denúncia possibilitará ao Parlamento, via Comissão Especial, a verificação e procedência das denúncias. Segundo Sampaio os denunciantes solicitam a perda do cargo de governador e a inabilitação de Antonio Denarium para exercer qualquer função pública, por até cinco anos. Exigem também ressarcimento ao erário público estadual pelos prejuízos causados pela má gestão e desvios de recursos.

Para o presidente da Assembleia Legislativas ao contrário da fúria que aparenta, Denarium deveria se preocupar em mostrar para a sociedade de Roraima que nada aquilo que foi denunciado é verdadeiro.
São acusações graves que precisam de respostas. A sociedade, repito, está assustada com tantas denúncias que envolvem o governador em uma séria de atos criminosos. Então estamos oferecendo a oportunidade de que se defenda e mostre para o povo do seu Estado que é inocente. As acusações são graves, merecem ser investigadas e a Assembleia Legislativa não poderia jamais ignorá-las”, diz.

Sampaio disse que a investigação será conduzida na forma da lei e com absoluta transparência, oferecendo ao acusado a mais ampla defesa e o contraditório. A Comissão Especial será formada por escolha de todos os partidos com assento na Assembleia e ao final da apuração um relatório será apresentado e votado na Comissão e depois em Plenário. Se for aprovado por 2/3 dos deputados, será constituída uma Comissão Processante, com participação do Judiciário, consequentemente gerando o afastamento imediato do governador do seu cargo.

“Volto a afirmar que aceitei o pedido de Impeachment pelo conteúdo na peça protocolada e não por questões pessoais. Há embasamento nas denúncias, ao contrário dos outros pedidos (6 ao todo) que foram protocolados anteriormente, onde não vislumbrei consistência no que foi apresentado. A Assembleia e seus deputados cumprirão seu papel nesse processo. Ao final será respeitado o que for decidido no Plenário, que é soberano”, finalizou Sampaio
  
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