24/08/2024 às 07h30min - Atualizada em 24/08/2024 às 07h30min

Estados Unidos, União Europeia e paises latinos rejeitam reeleição de Nicolás Maduro

Países dizem que decisão do Tribunal Supremo de Justiça visa validar os resultados não comprovados emitidos pelo órgão eleitoral e pedem auditoria independente dos votos

Nicolás Maduro e sua esposa Cilia Flores durante evento em Caracas em 25 de julh Foto: Fernando Vergara/AP
Estados Unidos, União Europeia, bem como Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai rejeitaram, nesta sexta-feira, 23, a decisão da Justiça da Venezuela de validar a vitória eleitoral reivindicada pelo ditador Nicolás Maduro. O Brasil ainda não se pronunciou.

Os Estados Unidos, que mantêm sanções contra a Venezuela e sua indústria petrolífera, e lideram a pressão internacional contra Maduro, afirmam que existem “evidências contundentes” da vitória de Edmundo González Urrutia.

“A decisão carece completamente de credibilidade, dadas as evidências esmagadoras de que González recebeu a maioria dos votos”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, em um comunicado, se referindo às atas coletadas pela oposição e disponibilizadas online. Os documentos, bem como os seus resultado, foram verificados e comprovados por
 
“As planilhas de contagem de votos disponíveis publicamente e verificadas de forma independente mostram que os eleitores venezuelanos escolheram Edmundo González como seu futuro líder”, disse Patel.

“As contínuas tentativas de reivindicar de forma fraudulenta a vitória de Maduro apenas agravarão a crise”, acrescenta o texto, que apela à realização de negociações para uma transição respeitosa e pacífica.

O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), cujas decisões nunca são contrárias ao chavismo, emitiu na quinta-feira, 22, uma sentença que respaldou os resultados das eleições presidenciais de 28 de julho apresentados pelo Conselho Nacional Eleitoral.

O CNE, porém, não publicou as atas de votação com os resultados mesa por mesa, conforme exigido por lei, alegando que o seu sistema foi hackeado. Os documentos são fundamentais para comprovar os resultados e estão sendo exigidos por aliados de Maduro, como Brasil e Colômbia.

Perante denúncias de fraude por parte da oposição, Maduro havia pedido ao TSJ que validasse os boletins anunciados pelo CNE, que o proclamou vencedor com 52% dos votos para um terceiro mandato (2025-2031). O Tribunal, porém, tem o histórico de ser a favor do ditador e já havia comunicado anteriormente que sua decisão seria inapelável.

A oposição afirma que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, venceu as eleições e acusa o TSJ e o CNE de servirem ao chavismo. A declaração de vitória por parte da oposição é respaldada pela publicação de 25 mil atas de votação, cerca de 80% do total, e que foram checadas por organizações e jornais independentes. O chavismo descarta a validade destes documentos, dizendo que são forjados.

Maduro reagiu ao pronunciamento americano: “Santa palavra!”, disse em um comício na cidade costeira de La Guaira. O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, pediu “respeito e não interferência” à comunidade internacional na quinta-feira.

 
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