CARACAS - A Justiça da Venezuela emitiu um mandato de prisão contra o opositor Edmundo González, atendendo a pedido do Ministério Público, afirmou a procuradoria na noite desta segunda-feira, 2. González foi o candidato da oposição nas eleições de julho, que o chavismo diz ter vencido em meio a denúncias de fraude e da falta de reconhecimento da comunidade internacional.
O Ministério Público divulgou nas redes sociais o pedido que fez à Justiça. Pouco depois, escreveu que o tribunal competente havia concordado com o mandado de prisão contra Edmundo González por “crimes graves”. Tanto o MP quando a Justiça venezuelana são alinhadas ao chavismo.
Ele passou a ser investigado pelos crimes de usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, incitação à desobediência, conspiração e sabotagem de sistemas por denunciar fraude na última eleição. A lista foi citada pelo Ministério Público no documento em que pede a prisão de González.
Também nas redes sociais, a líder opositora María Corina Machado disse que o regime perdeu a noção da realidade. “Ao ameaçar o presidente eleito, eles só conseguem nos unir mais e aumentar o apoio dos venezuelanos e do mundo a Edmundo González”, escreveu no X após o anúncio do pedido de prisão.
A investigação tem como foco o site que a oposição criou para divulgar as cópias das atas das urnas eleitorais que comprovariam a sua vitória de González contra a Maduro, com 67% dos votos. Do outro lado, instituições alinhadas ao chavismo declararam e ratificaram a reeleição de Nicolás Maduro, sem que os dados das urnas fossem apresentados até agora, um mês depois da eleição.
Na semana passada, o MP havia ameaçado prender Edmundo González, caso desacatasse a ordem para depor. Ele ignorou as convocações em três ocasiões. As intimações não especificavam em que condição ele prestaria depoimento: acusado, testemunha ou perito, como prevê a legislação venezuelana.
O opositor afirma que o Ministério Público da Venezuela age como um acusador político e que, por isso, não tem as garantias de independência e respeito ao devido processo legal. O diplomata de 75 anos está na clandestinidade e não é visto em público desde 30 de julho. Escondido, ele tem se comunicado apenas pelas redes sociais.
O regime fecha o cerco Em paralelo à investigação o ditador passou a pedir a prisão de Edmundo González e María Corina Machado pela violência nos protestos que se seguiram à contestada eleição. Pelo menos 27 pessoas morreram e 2,4 mil foram presas pelas forças de segurança do regime.
Além disso, o procurador-geral, Tarek William Saab, anunciou anteriormente uma investigação penal contra González e Corina pela carta aberta em que eles pedem aos militares que reconheçam a vitória da oposição e parem de reprimir os manifestantes. Edmundo González assinou o documento como presidente eleito da Venezuela.