21/09/2024 às 08h31min - Atualizada em 21/09/2024 às 08h31min

Frango a R$ 700: registros revelam preços exorbitantes em garimpos ilegais em Roraima

Operação do governo federal apreendeu cadernos com anotações que mostram movimentações financeiras de garimpo ilegal em terra Yanomami

O ouro é usado para comprar mantimentos para abastecer garimpos ilegais em terra indígenas em Roraima.
Uma operação das forças de segurança do Governo Federal desmantelou acampamentos clandestinos em um garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, revelando o impacto econômico da logística em áreas remotas e os preços exorbitantes pagos pelos trabalhadores ilegais para adquirir itens essenciais no isolamento da floresta.

Entre motores, geradores, antenas Starlink e utensílios de cozinha, o que chamou mais atenção dos agentes foram os cadernos com registros detalhados dos preços de produtos básicos, que ilustram o alto custo de vida para manutenção das atividades criminosas dentro da floresta.

Ouro como moeda de troca: o peso dos preços no garimpo

No garimpo, o ouro extraído pelos trabalhadores é utilizado como moeda de troca. A grama de ouro está cotada em R$ 350 e produtos de primeira necessidade atingem valores impressionantes. Um dos exemplos mais impactantes foi o preço de dois frangos, ao custo de 2 gramas de ouro, o equivalente a R$ 700.

Da mesma forma, um pacote de calabresa é vendido por 3 gramas de ouro, ou seja, R$ 1.050,00. Esses valores, extremamente altos em comparação aos preços urbanos, refletem a realidade dos garimpeiros, que dependem de mercadorias transportadas por rotas aéreas ou fluviais até o interior da Terra Indígena Yanomami.

Outros itens também apresentam preços exorbitantes: um botijão de gás de 13 kg custa R$ 665, enquanto um galão de 50 litros de combustível é vendido por R$ 2.800. Até mesmo alimentos básicos, como três quilos de farinha, chegam a custar 3,6 gramas de ouro, ou seja, R$ 1.260. Além disso, um par de botas de borracha é vendido a 1,5 gramas de ouro (R$525), e um dia de acesso à internet custa 0,5 gramas de ouro, correspondente a R$ 175.

“Esses valores revelam o custo humano e econômico da exploração em áreas remotas. O trabalhador do garimpo não só se submete a condições perigosas e ilegais, mas também enfrenta uma economia inflacionada devido à dificuldade de acesso a bens essenciais”, afirmou Nilton Tubino, diretor da Casa de Governo. A geografia isolada faz com que cada item necessário para a sobrevivência tenha um preço inflacionado, forçando os garimpeiros a usarem grande parte do ouro extraído para adquirir produtos de primeira necessidade.

Além das dificuldades e dos preços exorbitantes dentro do garimpo, os trabalhadores ilegais também enfrentam custos significativos antes mesmo de chegar à Terra Yanomami. O transporte aéreo, por exemplo, é a única maneira de acessar muitos dos garimpos localizados em áreas extremamente remotas. Um voo partindo de Boa Vista, capital de Roraima, até um desses garimpos pode custar até R$ 20 mil.

O ciclo de dívidas no garimpo ilegal
As anotações sobre os preços no garimpo evidenciam o peso financeiro que recai sobre os trabalhadores ilegais da mineração. Muitos entram nesse ambiente com a esperança de ganhos céleres, mas rapidamente se veem presos em um ciclo de dívidas e despesas altíssimas. Enquanto os garimpeiros gastam grande parte de seus lucros em logística e materiais essenciais, como comida e combustível, o maior lucro do garimpo acaba nas mãos do dono ou financiador, que muitas vezes nunca pisou no local. Esses financiadores controlam a operação a distância, acumulando a maior parte dos ganhos.

Operação da PF mira financiadores do garimpo ilegal
No contexto das ações de combate ao garimpo ilegal, o Governo Federal deflagrou mais uma operação. Através da Polícia Federal, a operação Taurus Aureus foi iniciada no dia 3 de setembro e já foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão, além do bloqueio de R$ 834 mil em bens dos investigados. Entre os alvos, destacam-se o responsável pela logística do garimpo e um dos financiadores, que investia o dinheiro da atividade ilegal na compra de gado.

A operação também resultou na apreensão de R$ 60 mil em espécie, cinco armas, quatro veículos e diversas joias. As investigações apontam que o grupo criminoso utilizava uma fazenda como base de apoio para o garimpo, enviando suprimentos como combustível para a região do baixo rio Mucajaí, uma das áreas mais afetadas pela mineração ilegal. 


A investigação identificou ainda um botijão de gás sendo vendido a R$ 665; um galão de 50 litros de gasolina a R$ 2.800 e um par de botas de borracha a R$ 525. Para ter acesso à internet pelo período de um dia, é cobrado 0,5 gramas de ouro, ou seja, R$ 175. “Esses valores revelam o custo humano e econômico da exploração em áreas remotas. O trabalhador do garimpo não só se submete a condições perigosas e ilegais, mas também enfrenta uma economia inflacionada devido à dificuldade de acesso a bens essenciais”, afirmou Nilton Tubino, diretor da casa de governo de Roraima, coordenada pela Casa Civil.
 
 Fonte: Casa Civil do Governo Federal

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