“O objetivo de tais mentiras é permitir que eles continuem garimpando ouro sem serem contestados”, disse Kopenawa em entrevista ao semanário alemão.
O território dos Yanomami, que abrange a região de fronteira entre Brasil e Venezuela, foi declarado em emergência humanitária no início de 2023 devido a epidemias, fome e centenas de crianças morrendo entre os povos indígenas da região, atribuídas à ação de milhares de garimpeiros invasores.
À época, uma operação conjunta entre autoridades ambientais, a Polícia Federal e o Exército visava expulsá-los novamente. Desde então, o governo brasileiro assumiu a causa de salvar a floresta amazônica da destruição.
De acordo com o xamã, até 10.000 garimpeiros ilegais ainda estão ativos na área. “Eles desaparecem, se escondem e voltam novamente. Eles têm aviões e helicópteros, pistas de pouso escondidas”, disse Kopenawa Yanomami à imprensa alemã.
Atualmente, a área entre o rio Orinoco, na Venezuela, e o rio Amazonas, no Brasil, continua tendo problemas de epidemias e envenenamento por mercúrio nos rios usados na extração de ouro.
Na entrevista, o porta-voz yanomami também convida organizações e países do mundo todo a apoiar sua causa. “A ONU e países como a Alemanha também deveriam pressionar nosso governo”, enfatizou. Além disso, Kopenawa pediu o apoio do governo brasileiro para identificar os garimpeiros.
“Os militares brasileiros não fazem quase nada, apenas dizem que estão trabalhando. São necessários sobrevoos da Força Aérea para saber exatamente onde estão os garimpeiros, e o Exército tem que ir até as profundezas da selva”, acrescentou o xamã ao Die Zeit.