Viaturas Blindadas Multitarefa 4x4: Exército vai levar dezesseis unidades para fronteira com a Guiana (Exército Brasileiro/Divulgação)
O Exército bateu a marca dos 2.000 militares empregados em diferentes ações em Roraima. O estado virou um grande front militar desde que o governo declarou guerra ao avanço do garimpo ilegal nas terras indígenas Yanomami. Além disso, o Exército reforçou seu batalhão de fronteira depois que Nicolás Maduro ameaçou invadir a Guiana para brigar pelo controle da região de Essequibo, rica em petróleo.
Além do conflito regional e dos crimes ambientais, o Exército também atua na operação acolhida, que auxilia venezuelanos em fuga do regime de Maduro. O incremento da presença militar no estado já custou mais de 150 milhões de reais ao Exército. Dinheiro que até hoje não foi reposto pelo governo federal.
O agravamento da crise política na Venezuela ainda não se refletiu em mudanças no fluxo de refugiados para o Brasil, mas a situação é monitorada diariamente pelo Ministério da Defesa.
A linha de frente da questão está sob responsabilidade do Exército em Roraima, estado com a principal fronteira do Brasil com o vizinho. Desde 2018 funciona na região a Operação Acolhida, que visa fazer o recebimento, a triagem e a assistência aos venezuelanos que deixam seu país.
GEOPOLÍTICA A Venezuela, assim como os antiamericanos Cuba e Nicarágua, está no quintal geopolítico dos EUA e, como esses dois países, recebem tratamento preferencial por parte de Vladimir Putin. Não por acaso, todos estão juntos no apoio à reeleição de Maduro e na condenação da resistência da oposição ao resultado do pleito.
O problema para a Defesa é que Lula e, principalmente, o PT, jogam no time de Maduro. Na convulsão atual, o Itamaraty assumiu uma posição mais cautelosa, cobrando transparência de Caracas na divulgação de resultados eleitorais.
Já o partido do presidente congratulou o ditador pelo que chamou de eleição "democrática e soberana", apesar das evidências de fraudes e da contestação internacional do resultado, mostrando a dificuldade da esquerda brasileira de lidar com ditaduras da mesma tonalidade ideológica.
O ministro José Múcio Monteiro (Defesa) já enfrentou em diversas ocasiões pressão do entorno petista de Lula, e até aqui saiu vencedor dos embates. Mas são episódios desgastantes, o que leva à parcimônia e ao cuidado no emprego de palavras para tratar da crise venezuelana.