09/01/2025 às 18h32min - Atualizada em 09/01/2025 às 18h32min
TENSÃO NA VÉSPERA DA POSSE: Protestos na Venezuela têm baixa adesão e oposição acusa Maduro de intimidação
Na manhã desta quinta-feira, as normalmente movimentadas ruas de Caracas estavam desertas, com escolas, negócios e agências governamentais fechadas temendo violência
Policial gesticula enquanto tenta passar por uma manifestação convocada pela oposição. Foto: Juan BARRETO/AFP
A polícia de choque estava em força total nas ruas de Caracas nesta quinta-feira (9) buscando conter manifestantes que tentavam impedir Nicolás Maduro se manter no poder por mais seis anos, apesar de evidências credíveis de que ele perdeu as eleições de julho. O ditador chavista toma posse para seu terceiro mandato consecutivo nesta sexta-feira, 10.
Antecipando-se à posse, a líder da oposição Maria Corina Machado, que foi impedida de concorrer contra Maduro e está escondida desde a eleição, convocou um protesto em massa para impedir a cerimônia.
Na manhã desta quinta-feira, as normalmente movimentadas ruas de Caracas estavam desertas, com escolas, negócios e agências governamentais fechadas temendo violência.
Ao meio-dia, a adesão aos protestos era relativamente pequena. Os venezuelanos, que testemunharam as forças de segurança de Maduro realizarem detenções massivamente após as eleições, estavam relutantes em se mobilizar em números semelhantes aos do passado.
“Claro que há menos gente”, disse o vendedor de empanadas Miguel Contrera enquanto soldados da Guarda Nacional, carregando escudos antimotim, passavam de moto. “Há medo.”
Os manifestantes que compareceram bloquearam uma avenida principal em um reduto da oposição na quinta-feira, gritando “Liberdade! Liberdade!” Muitos eram idosos e estavam vestidos de vermelho, amarelo e azul, atendendo ao chamado de Machado para usar as cores da bandeira venezuelana. Todos repudiaram Maduro e disseram que reconheceriam Edmundo González — substituto de última hora de Machado na cédula — como o legítimo presidente da Venezuela.
O destacamento de forças de segurança, bem como de grupos armados pró-governo conhecidos como “coletivos” para intimidar os oponentes, revela uma profunda insegurança por parte de Maduro, disse Javier Corrales, especialista em América Latina do Amherst College.
Desde as eleições, o governo prendeu mais de 2.000 pessoas — incluindo até 10 americanos e outros estrangeiros — que, segundo ele, estavam conspirando para destituir Maduro e semear o caos na nação sul-americana rica em petróleo. Só esta semana, homens armados mascarados prenderam um ex-candidato presidencial, um ativista proeminente da liberdade de expressão e até o genro de González, enquanto levava seus filhos pequenos para a escola.