A Guiana informou nesta segunda-feira que seis soldados de suas forças de segurança ficaram feridos em uma troca de tiros com supostos membros de uma gangue venezuelana na fronteira com o país. O local foi reforçado com tropas guianesas após incidente.
O confronto ocorreu no rio Cuyuni, no coração de Essequibo, região de 160 mil km² rica em petróleo e recursos naturais que é alvo de uma disputa entre Venezuela e Guiana há mais de um século, embora a Guiana a administre efetivamente. No ano passado, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, promulgou uma Lei Orgânica que contempla a criação do estado da "Guiana Essequiba". O projeto de lei, aprovado pelo Parlamento em março de 2024, foi redigido após a maioria da população venezuelana aprovar em um plebiscito a anexação de Essequibo.
Nesta terça-feira, em meio à disputa, a Força de Defesa da Guiana (GDF, na sigla em inglês) afirmou que um navio de transporte de suprimentos foi emboscado por homens armados e mascarados no trajeto entre a base principal de Eteringbang a Makapa.
Eles identificaram os atacantes como membros de um "sindicato", um termo usado para se referir a muitas gangues na região mineradora na fronteira com a Guiana. De acordo com a GDF, os mascarados cercaram a embarcação de 9 metros e começaram a disparar. Os soldados revidaram.
"Após a troca de tiros, os assaltantes fugiram, mas não antes de vários membros das forças de segurança sofrerem ferimentos a bala", comunicou a GDF.
A Força de Defesa também informou que mais tropas foram "mobilizadas para reforçar a presença na área". "A GDF continua comprometida com a proteção de suas fronteiras e tomará todas as medidas necessárias para enfrentar qualquer ameaça à segurança nacional", acrescentaram na nota.
O incidente coincide com o 59º aniversário da assinatura do Acordo de Genebra, que a Venezuela assinou com o Reino Unido em 1966, antes da independência da Guiana, e estabelece as bases para uma solução negociada para a disputa territorial.
No entanto, a Guiana rejeita o acordo e pediu à Corte Internacional de Justiça (CIJ) que ratifique a sentença de 1899, que definiu as fronteiras em disputa e foi anulado pelo pacto de Genebra. Nesta terça, Maduro pediu a Georgetown que volte à mesa de negociações.