Jalser é denunciado como mandante do sequestro do jornalista Romando dos Anjos e MP pede sua condenação

14/03/2025 09h40 - Atualizado há 5 horas
Jalser é denunciado como mandante do sequestro do jornalista Romando dos Anjos e MP pede sua condenação
Jalser chegou a ser preso pela Polícia Civil em seu escritório quando ainda era deputado estadual.

O ex-deputado estadual Jalser Renier, que teve o mandato cassado em fevereiro de 2022 quando era presidente da Assembleia Legislativa, foi denunciado pelo Ministério Público de Roraima (MPRR) que requer sua condenação como autor intelectual (mandante) do sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos, crime ocorrido em outubro de 2020. Nas alegações finais enviadas à Justiça local, o Ministério Público denunciou também outros sete envolvidos no caso. 

Eles são acusados dos crimes de sequestro, cárcere privado, tortura, roubo majorado, dano qualificado e constituição de milícia privada.

Os acusados são policiais militares que trabalhavam na segurança do ex-deputado e um ex-servidor da Ale-RR. O parecer, assinado pelos promotores Joaquim Eduardo dos Santos, Carla Cristiane Pipa e André Felipe Bagatin, pede a condenação de:

  • Jalser Renier: réu por ser o mandante, o ex-deputado era presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR) à época do crime;
  • Natanael Felipe De Oliveira Junior: é coronel da PM. Também foi chefe da casa militar da Assembleia Legislativa;
  • Moisés Granjeiro De Carvalho: é coronel da Polícia Militar. Trabalhava na Assembleia Legislativa;
  • Vilson Carlos Pereira Araújo: é major da Polícia Militar e já havia prestado serviços de segurança particular;
  • Nadson José Carvalho Nunes: é subtenente da Polícia Militar e trabalhava na Assembleia;
  • Clovis Romero Magalhães Souza: é subtenente da Polícia Militar;
  • Gregory Thomaz Brashe Junior: é sargento da Polícia Militar. Foi convidado por Jalser para "criar a segurança da Assembleia";
  • Luciano Benedito Valério: ex-servidor da Ale-RR no setor de Seção de Inteligência e Segurança Orgânica (Siso).

O SEQUESTRO

Romano dos Anjos foi sequestrado em sua residência, no bairro Aeroporto, em Boa Vista, por homens encapuzados e armados no dia 26 de outubro de 2020. Ele foi levado para uma área isolada na zona rural do município, onde foi espancado e ameaçado de morte antes de ser abandonado gravemente ferido. Na ocasião, sua esposa, Nattacha Vasconcelos, também foi rendida e mantida em cárcere privado dentro da casa.

As investigações apontam que o crime teve motivação política, já que o jornalista fazia denúncias contra Jalser Renier e seu grupo. De acordo com o MP, dias antes do crime, Jalser registrou um boletim de ocorrência alegando que estava sendo alvo de calúnias.

Dois dias depois do sequestro, ele voltou à polícia para denunciar que estaria sendo vítima da divulgação de informações sigilosas. Para os investigadores, esses registros reforçam a suspeita de retaliação contra Romano.

O parecer detalha que o crime foi minuciosamente planejado, com uso de técnicas operacionais de segurança, armas de fogo e veículos, e que a execução envolveu agentes ligados ao esquema de segurança do então presidente da ALE-RR. Entre as provas citadas pelo MP estão depoimentos das vítimas e testemunhas, laudos periciais, registros de chamadas telefônicas e interceptações realizadas ao longo da investigação.

HISTÓRICO DE JALSER

Parlamentar polêmico, Jalser Renier Eleito pela primeira vez quando tinha 21 anos de idade, em 1994, e desde então, nunca perdeu uma eleição. Ele era deputado havia 27 anos. em 2018, quando foi eleito pela última vez, recebeu 8.401 votos, o mais votado naquele ano.

Jalser já foi alvo de outras operações policiais. Ele foi preso pela primeira vez em 2003 por envolvimento no maior caso de corrupção em Roraima, o "Escândalo dos Gafanhotos". Em 2016, ele voltou a ser preso pelo mesmo motivo.

Nesta segunda prisão, Jalser já era presidente da Assembleia e cumpria regime semiaberto. Ele passava a noite na prisão e durante o dia, cumpria o expediente na Assembleia. Na época, Renier ficou nacionalmente conhecido como "presidente presidiário".

Em 2017, ele ganhou liberdade.

Já em 2019, o parlamentar foi alvo das operações "Cartas Marcadas" e "Royal Flush", deflagrada pelo Ministério Público de Roraima, que investigou crimes de fraudes em processos licitatórios, contratos administrativos, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução de Justiça. A ação também mirou a então esposa Cinthya Gadelha e outras cinco pessoas ligadas a ele.

No mesmo ano, ele foi condenado a pagar R$ 40 mil de indenização a então prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), em um processo em que ela pedia reparação por ter sido xingada e ameaçada quando dava entrevista em uma rádio, em outubro de 2018.

Jalser voltou ao noticiário após ser apontado como suspeito de ser mandante do sequestro do jornalista Romano dos Anjos, pelo delegado da Polícia Civil, João Evangelista, que apurou o crime.

O inquérito identificou que o parlamentar ordenou o crime porque a vítima se tornou uma "pedra no sapato" ao fazer críticas a ele.

A investigação apontou que o crime, ocorrido e outubro de 2020, foi executado por policiais militares, entre eles coronéis e um major da POlícia Militar de Roraima, que tinham ligação direta com Jalser.


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