NA SERRA DO SOL: Após 20 anos de espera, povo Ingaricó ganha escola de alvenaria

Ninguém acreditava ser possível construir um prédio em uma das regiões mais isoladas de Roraima

- Texto e fotos: Amilcar Jr
13/04/2025 11h41 - Atualizado há 1 dia

Após 20 anos de espera, a comunidade indígena Serra do Sol, no município do Uiramutã, ao Norte de Roraima, ganhou sua primeira escola de alvenaria, construída em uma das regiões de mais difícil acesso da região, cercada por rios, lavrados e serras. O feito é considerado um marco histórico pelo povo Ingaricó.

A escola municipal indígena Epuru Isantan Ingaricó, inaugurada na manhã deste sábado, dia 12, tem capacidade para atender até 125 alunos do Ensino Infantil. A unidade conta com quatro salas de aula, cozinha, duas despensas, dois banheiros, diretoria e área externa para atividades recreativas. Ela tem caixa de água e de energia, é toda na cerâmica, cercada, forrada e pintada.

Responsável pela obra, o empresário José Raimundo Moraes Bitencourt, mais conhecido como “Cabeça Branca”, levou apenas três meses para concluir a obra mesmo, segundo ele, com todas as dificuldades impostas pela natureza naquela região tão extrema do Uiramutã.

“Foi um grande desafio trazer materiais de construção até aqui. O caminhão quebrou várias vezes, subindo serras íngremes e atravessando igarapés, mas apesar de tudo, conseguimos. E hoje estamos aqui para comemorar”, ressaltou “Cabeça Branca”.

A escola municipal indígena Epuru Isantan Ingaricó atende este ano a 51 alunos do Ensino Infantil. A unidade também já conta com ponto de internet e ainda neste semestre ganhará placas de energia solar. O secretário de Educação do Uiramutã, Damázio de Sousa Gomes, adiantou que a previsão é que até 2026, a escola vai funcionar em regime integral.

“Há décadas que o povo Ingaricó esperava por uma escola de alvenaria. Agora, os parentes ganham uma unidade de ensino municipal com estrutura física adequada, toda mobiliada e com internet que também serve todas as comunidades desta região tão distante e de difícil acesso. É um feito que entra para a história”, observou Damázio.

A escola municipal indígena Epuru Isantan Ingaricó foi criada por decreto em 2012. O tuxaua da comunidade indígena Serra do Sol, Hoston Gabameti, disse emocionado durante seu discurso que aquele momento era histórico para o seu povo.

“O prefeito Benísio aceitou o grande desafio de construir uma escola nesta difícil região. E agora nossas crianças têm um ambiente mais saudável para estudar. Portanto, só temos a agradecer ao prefeito e a todos que se empenharam na construção desta obra”, elogiou o tuxaua.

O secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Silvanio Alves dos Santos, em seu discurso, voltou a falar das dificuldades que teve durante a execução da obra em uma região quase impossível de se construir. “Muitos não acreditavam que conseguiríamos construir uma escola de alvenaria aqui nesta região devido sua difícil localização geográfica, mas missão dada é missão cumprida”, ressaltou.

“O feito é histórico”, afirma prefeito
Na hora do discurso, emocionado, o prefeito do Uiramutã, Tuxaua Benísio (Rede), reafirmou a fala do tuxaua Hoston. “O feito é histórico, mas só consegui porque todos abraçaram esta causa. “Não foi promessa minha construir esta escola, mas um compromisso que assumi junto a este povo. Daqui (da escola) almejo ver sair médicos, professores, políticos e outros expoentes sociais. Parabéns a todos”, elogiou Benísio.

Após o discurso, crianças Ingaricó agradeceram ao prefeito, falando na língua materna. Depois, um grupo de alunos da rede municipal de ensino recebeu de forma simbólica um kit de materiais escolares e mochila.

Em seguida, o prefeito, secretários municipais e tuxauas cortaram a fita, descerraram a placa e inauguraram a primeira escola de alvenaria na difícil região da comunidade indígena Serra do Sol, que atualmente conta com 105 pais de família, o que totaliza 455 moradores, todos da etnia Ingaricó.

“Esta obra serve de exemplo. Muitos falavam que era impossível construir um prédio de alvenaria aqui por causa das dificuldades imposta pela condição geográfica da região, mas provamos justamente o contrário, pois quando se quer fazer, se faz. Nada é impossível quando trabalhamos de maneira correta e confiamos em Deus”, finalizou o prefeito.


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