Um documento obtido pelo portal Roraima em Tempo mostra que a empresa investigada pela Polícia Federal (PF) por desvio milionário na Universidade Estadual de Roraima (Uerr) sacou mais de R$ 55 milhões no ano de 2022, quando ocorreram as eleições para o Governo do Estado.
Os maiores saques, que somam R$ 27 milhões, aconteceram entre agosto e setembro daquele ano, meses em que, de fato, ocorreu a campanha eleitoral.
Além disso, uma tabela do Fiplan (sistema financeiro do Governo de Roraima) mostra os orçamentos da Universidade Estadual nos anos de 2021, 2022 e 2023. Conforme o documento, em 2022, a Uerr recebeu R$ 94,4 milhões a mais por meio de abertura de crédito. O orçamento inicial para aquele ano era de R$ 64,1 milhões. No entanto, com o acréscimo, a universidade fechou o ano com R$ 158.620.465,88, um acréscimo de 147,35%.
Veja:
A Polícia Federal apurou a movimentação de cerca de R$ 130 milhões pela empresa 3D Engenharia entre janeiro de 2022 e agosto de 2023. De acordo com a apuração, nesse período a empresa sacou pouco mais de R$ 67 milhões e transferiu quase R$ 16 milhões eletronicamente para os proprietários e para outras três empresas ligadas a eles.
No dia 17 de agosto de 2023, a PF cumpriu dois mandados de busca e apreensão expedidos pela Vara de Organizações Criminosas da Justiça Estadual. A PF obteve informações que indicariam o saque de um possível pagamento de propinas relacionado à contratação de uma empresa de engenharia.
Desse modo, os policiais cumpriram os mandados na empresa e na casa do irmão de um dos sócios. Em um dos locais, os agentes encontraram R$ 3,2 milhões que estavam escondidos em sacos de lixo.
Em desdobramento, quinze dias depois, a PF deflagrou a Operação Harpia na sede a Uerr, onde apreendeu documentos e equipamentos. No dia 6 de setembro, o então reitor Régys Freitas pediu na Vara de Entorpecentes e Organizações Criminosas a anulação do mandado de busca e apreensão.