Uma suposta viagem familiar tem sido a nova tática de transportadores de ouro ilegal pelo norte do país. O minério tem sido usado por organizações criminosas como moeda de troca para práticas ilícitas, por isso, muitas pessoas têm usado essa “técnica”.
O que demonstra isso foi a nova apreensão realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) que apreendeu na quarta-feira (6), em Altamira (PA), na BR-230 (Transamazônica) cerca de 40 kg de ouro maciço transportados em um Eclipse, de cor branca, ano 2024, onde estavam quatro pessoas, sendo dois adultos, um adolescente e uma criança. Aos olhares menos apurados, configura uma família viajando.
Mas a PRF já percebeu essa tendência do crime e tem feito uma checagem maior sobre a rota da viagem e verificando com mais atenção todas as informações. E são as contradições e nervosismos que levantam a suspeita para uma vistoria mais detalhada no veículo. Neste episódio mais recente, os adultos foram encaminhados para a Polícia Federal (PF) e os menores para as autoridades competentes. Essa foi a segunda maior apreensão da história das rodovias federais.
Em apenas 48 horas, na semana passada, a PRF retirou de circulação mais de 140 kg do mineral em Roraima e no Pará. O material apreendido nas duas ocorrências é avaliado em mais R$ 80 milhões. Na BR-401, em Boa Vista (RR), na segunda-feira (4), os policiais rodoviários federais encontraram 103 kg de ouro transportados em uma caminhonete Hilux, como trouxe a Coluna.
O motorista foi detido e encaminhado junto com o material apreendido para a Polícia Federal. Ele estava com a esposa e e um bebê de nove meses, filho do casal. Os dois estados onde ocorreram as apreensões fazem parte da Amazônia Legal e sofrem com a degradação do garimpo ilegal, principalmente em territórios indígenas.
Combate aos crimes ambientais
O aumento nas apreensões de ouro na Região Norte do país, de acordo com a PRF é resultado do reforço no número de policiais rodoviários federais e da estrutura para prevenção e enfrentamento aos crimes ambientais. Desde 2023, o Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), implementado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), intensificou a presença do Estado na Amazônia Legal e a atuação conjunta entre instituições de segurança pública e de preservação do meio ambiente.
Entre as atividades desempenhadas pelos integrantes do Plano Amas, estão a retirada de pessoas que ocupam ilegalmente terras indígenas, entre elas a TI Yanomami, o combate à extração ilegal de madeira e minério. Para atender aos objetivos do Plano Amas, a PRF destinou aos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins 72 novas viaturas e mais de 500 policiais do último curso de formação policial. Eles se juntam aos policiais que já atuavam na região.