10/04/2023 às 13h41min - Atualizada em 10/04/2023 às 13h41min

Advogado protocola na Assembleia Legislativa três pedidos de Impeachment para cassar Antonio Denarium por prática de crimes diversos.

Antonio Denarium pode ser cassado por prática de crimes diversos.
 

De uma só vez o advogado Marco Vicenzo Júnior protocolou nesta segunda-feira (10) na Presidência da Assembleia Legislativa de Roraima, três ações dom pedido de Impeachment para cassar o mandato do governador Antonio Denarium (PP) por prática de crimes de responsabilidade, “sob a acusação de está envolvido em uma verdadeira conexão de desmandos”, segundo denunciou.

As ações foram recebidas pelo presidente da Casa, deputado Sampaio (Republicanos) que encaminhou as ações imediatamente para a análise cabível na Procuradoria Jurídica a quem cabe dar parecer sobre a consistência das denúncias, sob o aspecto da materialidade de da autoria.

Caba agora ao presidente Sampaio decidir se dará prosseguimento aos três pedidos, uma prerrogativa unilateral sobre a admissibilidade ou não dos pedidos. “O advogado me pediu audiência onde protocolou as ações com pedido de Impeachment do governador. Vou analisar cada um deles, sob os aspectos jurídico e político e decidir o que fazer”, disse Sampaio. O presidente não emitiu qualquer pré-julgamento sobre as denuncias formalizadas pelo advogado.

O presidente da ALE, deputado Sampaio. "Vou analisar os pedidos".

 

“Eu não li ainda as ações, desconheço o teor técnico de cada uma. Ouvi do advogado as acusações mas não posso agir de forma temerária. Preciso ter amparo legal. Por isso preciso que a Procuradoria Jurídica da Casa me forneça um parecer legal. Depois disso decidirei se darei prosseguimento ou não ao processo. Cabe a mim dar o parecer final”, esclareceu Sampaio.

Em entrevista na Assembleia, o advogado citou que existe uma conexão de crimes supostamente praticados por Denarium, são denúncias que envolve a Secretaria de Saúde (Sesau), Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), muitos contratos ilegais com diversas empresas e a participação do governador no incentivo à invasão de terras indígenas para prática de garimpagem ilegal em terras indígenas e omissão à assistência aos indígenas.

Os motivos principais para fundamentar as ações CITADOS POR Marco Vicenzo são:
  • Calamidade enfrentada pelos índios Yanomami;
  • Relação de Denarium com a atividade de garimpo ilegal na região;
  • Prática de agiotagem;
  • Omissão perante os problemas na Secretaria de Saúde (Sesau) e Secretaria de Bem-Estar (Setrabes);
  • Operação da PF;
  • Suposta Usura;
  • Furto de Aeronave.
Marco alega que supostos crimes de responsabilidade e falhas na gestão teriam levado o estado de Roraima a uma situação de calamidade. Ele reforça que a denúncia mais densa contra Denarium é sobre o envolvimento e anuência de Denarium em relação aos contratos da Secretaria de Saúde. “São recorrentes os escândalos de corrupção e abuso de poder e agem com total desprezo pela população”.

No documento, o advogado também cita a suposta relação de apoio de Denarium com a atividade garimpeira ilegal e a falta de assistência do governo do estado com os povos indígenas, que enfrentam grave crise sanitária e humanitária.
 
NOTÍCIA CRIME NA PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA

O mesmo advogado já protocolou na Procuradoria Geral da República (PGR), em Brasília, no dia 31 de março, uma notícia--crime contra Denarium, onde pede também que o governador de Roraima investigado e tenha o mandato cassado e a perda dos direitos políticos. O advogado argumenta NA NOTÍCIA-CRIME que Roraima vive atualmente uma situação calamitosa em decorrência de resultados de uma sequência de erros cometidos pela gestão estadual, além de crimes de responsabilidade.


 

Crise sanitária e humanitária

No documento, o advogado também cita a suposta relação de apoio de Denarium com a atividade garimpeira ilegal e a falta de assistência do governo do estado com os povos indígenas, que enfrentam grave crise sanitária e humanitária. O estado de Roraima abriga a maior Terra Indígena (TI) Yanomami em extensão do país, com mais de 370 aldeias e quase 10 milhões de hectares.

Mais da metade sofre prejuízos causados pelo garimpo, que, há pelo menos cinco décadas, se estabeleceu ilegalmente na região, naturalmente favorável ao extrativismo mineral. Nesse cenário, ao menos 570 crianças yanomamis morreram por contaminação por mercúrio, desnutrição e malária, “devido ao impacto das atividades de garimpo ilegal na região”, segundo o Ministério dos Povos Indígenas.

Poucos dias após a decretação do estado e emergência pelo Governo Federal, o governador Antônio Denarium declarou em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, no dia 29 de janeiro, quando respondia sobre os projetos na Terra Indígena Yanomami, que os índios ‘pareciam bichos’. “Eles [indígenas] têm que se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho”, declarou Denarium na época.

O Conselho Indígena de Roraima, organização representativa de 261 comunidades, repudiou através de nota a fala do governador, considerando uma “falta de respeito e sensibilidade que merece ser punida”.

Ligação com garimpo e agiotagem

Em outra parte, o documento de Marco Vicenzo apresenta informações sobre a suposta prática de abuso de poder e de crimes de responsabilidade, entre o governador, o garimpeiro Valdir José do Nascimento, conhecido como “Japão”, e o empresário Paulo José Assis de Souza.

O advogado destaca também o caso do avião que o governador teria tomado de um empresário em uma dívida.

A Justiça determinou a apreensão da aeronave que, conforme o proprietário, estava sendo usada em garimpos.

“E, para piorar ainda mais essa situação teratológica, o chefe do Poder Executivo de Roraima vendeu o avião que não era seu e, valendo-se do cargo, ainda ordenou ao dono de um hangar que o entregasse o bem!”, explica trecho da denúncia.

Vicenzo dia que já existem denúncias no Ministério Público Federal (MPF) em que ele aparece como o maior fomentador da atividade garimpeira ilícita em terras Yanomami. “Ou seja, o governador subtraiu um avião ao absoluto arrepio da lei e permitiu que um terceiro, notoriamente garimpeiro ilegal, o utilizasse. Logo, no melhor dos cenários, os fatos demonstram que o governador é um facilitador conivente do garimpo ilegal”, diz o advogado.

Leis a favor do garimpo

Denarium chegou a sancionar, em julho de 2022, uma lei que protegia o patrimônio de garimpeiros ilegais, proibindo a destruição das máquinas apreendidas. Entretanto, três meses depois, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a legislação por inconstitucionalidade.

Em 2021, o ministro declarou inconstitucional outra lei sancionada por Denarium, que autorizava garimpos a usarem mercúrio na atividade extrativista. O mercúrio é uma substância tóxica usualmente empregada em garimpos ilegais e pode ter colaborado para a morte de indígenas.

Operação da PF

A denúncia também citou a Operação BAL, da Polícia Federal, na qual os agentes cumpriram mandados em Roraima e Pernambuco. O órgão investiga a lavagem de dinheiro oriundo de garimpo ilegal, em esquema que teria movimentado R$ 64 milhões em dois anos. A irmã do governador, Vanda Garcia de Almeida, foi um dos alvos da ação, que executou oito mandados de busca e apreensão, em Roraima e Pernambuco.

Agiotagem

No documente entregue à PGR, o advogado também argumenta sobre a suposta prática de agiotagem por parte de Denarium. Ele diz que há registro de quatro notícias-crime contra o governador. Segundo as denúncias, Denarium utilizaria uma empresa do ramo imobiliário, que tem sua esposa como sócia, como agência de empréstimo bancário, onde cobraria juros muito acima dos praticados no mercado.

A Secretaria de Estado de Saúde de Roraima firmou um contrato de R$ 4.100.000,00 (quatro milhões e cem mil reais), com a empresa ADoP Serviços Médicos Limitada, assinado pela atual secretária de saúde, Cecilia Smit Lorenzoni.

A empresa é alvo de uma investigação do Ministério Público e da Polícia Civil de Goiás, por fazer parte de um suposto esquema de processos licitatórios fraudulentos de aluguel de equipamentos e prestação de serviços em diversas áreas da saúde nas unidades hospitalares.

O requerimento de urgência contra o governador Antônio Denarium pede que ele seja “investigado por omissão, especialmente quanto aos fatos apresentados, com o devido requerimento de bloqueio de bens para evitar eventual dilapidação dos bens, que indicam a suposta prática de crimes, se for o caso”.


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