07/07/2023 às 10h47min - Atualizada em 07/07/2023 às 10h47min

Funai participa da 1ª Reunião da Coordenação Ampliada Deliberativa do Conselho Indígena de Roraima.

O encontro, com o tema "sem território não existe vida", contou com a presença da presidenta da fundação, Joenia Wapichana, na pauta sobre território, proteção e sustentabilidade..

- Fonte: Assessoria de Comunicação/Funai.
Joenia Wapichana com o líder Davi Kopenawa na reunião do CIR em Roraima. Foto: Lohana Chaves/Funai.


 

Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), participou nesta quinta-feira (6), da I Reunião da Coordenação Ampliada Deliberativa do Conselho Indígena de Roraima (CIR). O encontro, com o tema "sem território não existe vida", contou com a presença da presidenta da fundação, Joenia Wapichana, na pauta sobre território, proteção e sustentabilidade.

Promovido pelo CIR, organização indígena destinada à defesa dos direitos e interesses dos povos indígenas, o evento é realizado desde o dia 4, na comunidade indígena Pium, da Terra Indígena Manoá-Pium, do Município de Bonfim (RR), e encerra hoje, 6. A iniciativa constitui um espaço de deliberações e proposições com objetivo de fortalecer as comunidades indígenas nas áreas de sustentabilidade, direitos, incidência política, saúde e educação, dentre outras. A reunião também discute e avalia as estratégias do movimento indígena.

O evento analisou a conjuntura do Marco Temporal, do Projeto de Lei 490/2007 e demais projetos que têm impactado na vida das populações indígenas. Joenia relembrou que, quando tinha 22 anos, trabalhou no CIR, assumindo o Departamento Jurídico da organização e, com 23 anos, já estava lutando na justiça pelos direitos das comunidades indígenas. “Isso prova que a juventude tem muito potencial. Parabéns, CIR, pela garra e pelo encorajamento dado a essa juventude”.

A presidenta da Funai também destacou a importância das lideranças tradicionais, os mais antigos, no processo de construção da organização e incentivo aos jovens. “Graças às lideranças experientes, que foram resistentes e passaram esses ensinamentos, que hoje temos uma organização forte como o CIR, que tem planejamento, proposta, ações e uma visão holística do que quer para o futuro”, afirmou.

A luta pelas terras indígenas, que se encontra numa nova fase no governo atual, foi relembrada por Joenia, que apontou que ainda há muito o que se fazer, enfatizando a necessidade de articulação dos povos indígenas para reivindicarem seus direitos. A presidenta apresentou aos participantes um panorama da situação atual da Funai, que enfrentou um longo processo de sucateamento na gestão anterior, e apresentou soluções que estão sendo alavancadas para mudar o cenário. “Esse ano, faremos um concurso com mais de 500 vagas para revitalizarmos e resgatarmos a Funai. 2023 é um ano de reorganização. Não podemos desistir”.

A jovem liderança indígena Tuxaua Lázaro entregou um cacho de bananas de presente à Joenia, mostrando a produção de sua comunidade, que investe em ações de sustentabilidade, e falou da oportunidade de poder se expressar no evento. “Essa chance que temos hoje é de alertar a todos para o que está acontecendo em Roraima e em todo o Brasil. E dizer também o porquê de defender o território dos povos indígenas”, afirmou. Joenia também foi presenteada pelas mulheres indígenas e recebeu expressões de força e coragem.

Também presente no evento, a grande liderança Davi Kopenawa Yanomami fez um retrospecto da luta que seu povo tem enfrentado diante da crise instalada na TI Yanomami e da invasão de garimpeiros na área. “Mataram nossa alma no rio, os peixes, e trouxeram malária, gripe, desinteria, vômito e verminose para nosso povo. Nossa terra foi destruída. Nós não aceitamos o garimpo em nossa região”. A liderança afirmou que seu povo pediu muita proteção para a Funai nos últimos anos, em que a Funai estava morta. “A Funai, agora, voltou...respirou. Joenia é guerreira, corajosa e forte”.

As reuniões deliberativas do CIR ocorrem duas vezes ao ano. O encontro de lideranças também teve como objetivo discutir, deliberar e avaliar as ações estratégicas da organização, além de traçar novas estratégias de resistência contra os ataques aos direitos dos povos originários de Roraima e do Brasil.


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