Para a surpresa de ninguém, a ditadura de Nicolás Maduro está acusando de fraude as primárias promovidas pela oposição na Venezuela, pouco mais de uma semana depois de o regime chavista assinar um acordo em que se comprometia com eleições “livres” em 2024.
No acordo assinado com oposicionistas em 17 de outubro, o ditador prometeu realizar um pleito competitivo e com a presença de observadores internacionais. Em troca, os EUA suspenderam as sanções a petróleo, gás e ouro da Venezuela por seis meses.
As primárias oposicionistas foram vencidas, com 93% dos votos, pela ex-deputada María Corina Machado (foto) —que está impedida de disputar a eleição pela Controladoria-Geral do regime, assim como outros dois dos principais nomes da oposição à ditadura, Henrique Capriles e Juan Guaidó.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, 100% alinhado a Maduro, anunciou nesta quarta-feira, 25, uma investigação criminal contra Jesús María Casal e Mildred Camero, presidente e vice-presidente da Comissão Nacional das Primárias. Eles são acusados de desvio das funções eleitorais, roubo de identidade, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Saab alega que as violações se devem ao fato de as primárias terem sido realizadas sem o Conselho Nacional Eleitoral. A oposição fez o pleito de forma independente após a ala chavista do conselho renunciar em junho, o que na prática impede o funcionamento do órgão por falta de quórum. Segundo os organizadores, mais de 2,4 milhões de eleitores votaram.
Em mensagem na rede social X, ex-Twitter, María Corina afirmou que a investigação é uma “reação ao desafio monumental ao regime que foram as primárias” e que a votação foi “uma eleição cidadã exemplar”.
