14/01/2024 às 09h54min - Atualizada em 14/01/2024 às 09h54min

O GARIMPO RESISTE: Governo Lula não consegue frear mortes de yanomamis em Roraima

O Ministério da Saúde registrou 308 mortes na Terra Indígena Yanomami nos primeiros 11 meses de 2023

- Fonte: Uol
Casa de Saúde Indígena, em Boa Vista, tem capacidade para 200 pacientes, mas está com mais de 700 Imagem: Divulgação/Ministério da Saúde
Apesar de ter declarado situação de emergência no território yanomami no primeiro mês de mandato, o governo Lula (PT) não conseguiu frear a mortalidade do povo indígena em 2023.

O Ministério da Saúde registrou 308 mortes na Terra Indígena Yanomami nos primeiros 11 meses de 2023. O dado mais recente vai até o dia 30 de novembro e não conta os casos de dezembro. Em 2022, segundo a pasta, foram 343 mortes no total.

Das 308 vítimas, mais da metade (162) são crianças de 0 a 4 anos. Destas, 104 eram bebês de até um ano —mais de um terço dos casos.

A mortalidade infantil no território yanomami é comparável à dos países com os piores índices do mundo. Em 2020, ano mais recente com o dado disponível, a taxa de bebês mortos com menos de um ano foi de 114,3 para cada mil nascidos vivos, quase dez vezes mais que a do Brasil (11,5).

O número de mortes no território cresceu no segundo semestre do ano passado. Até 23 de junho, segundo o governo, foram registradas 136 mortes, e nos cinco meses seguintes foram mais 172 ocorrências. Casos de malária, gripe e doenças diarreicas também cresceram na segunda metade de 2023.

Entidades de defesa dos indígenas veem falta de articulação no governo brasileiro. Para o ISA (Instituto Socioambiental), que publicou em agosto um relatório sobre a persistência dos problemas na região, a expulsão dos garimpeiros, no começo de 2023, não foi seguida de um trabalho coordenado para estabilizar a situação.
 

“O território yanomami passa por um processo de destruição que vem de muitas décadas. Obviamente, isso não vai mudar em um ano. Mas poderia mudar mais rapidamente se houvesse uma mobilização organizada. Eu diria que o governo subestimou o problema”. Estêvão Senra, pesquisador do ISA.

Casa de Governo
O prolongamento da crise levou o Ministério Público Federal e o Judiciário a pressionarem o governo. No fim de dezembro, a pedido do MPF, a Justiça Federal em Roraima mandou o Executivo apresentar um novo plano de combate ao garimpo na terra yanomami.

A primeira reunião ministerial de 2024 tratou do problema. Na última terça (9), o presidente Lula convocou as principais pastas ligadas ao tema e anunciou que o governo investirá R$ 1,2 bilhão para aumentar a presença do Estado na região.
 
O governo afirma que criará uma "casa de governo" em Roraima para unificar as ações. O anúncio foi feito pelas ministras Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Marina Silva (Meio Ambiente) e Silvio Almeida (Direitos Humanos), que foram à terra yanomami na quarta (10) com a presidente da Funai, Joenia Wapichana.

Indígenas veem avanços em 2023, mas dizem que as comunidades ainda estão debilitadas. Segundo uma líder yanomami ouvida pelo UOL, a destruição promovida pelo garimpo ainda mantém muitos trechos da floresta e dos rios impraticáveis para caça, pesca e agricultura.
 

“O povo yanomami está com dificuldade de retomar a vida como era antes, de plantar os alimentos tradicionais, caçar e pescar. O que o povo quer é recuperar a sua autonomia, usar seus próprios recursos e cuidar da terra, como faziam os antepassados”. Carla Lins Yanomami, presidente da AMYK (Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma).


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