18/01/2024 às 07h17min - Atualizada em 18/01/2024 às 07h17min

GARIMPO ILEGAL EM RORAIMA: PF confisca equipamentos de garimpeiros, armas, radiocomunicadores, munição e coletes à prova de balas

- Fonte: Ministério da defesa
Forças de segurança do Governo fecham cerco ao garimpo ilegal em Roraima. Foto: Ministério da Defesa/Divulgação
Armas, radiocomunicadores, munição e coletes à prova de balas. Parece o arsenal de um batalhão de polícia, mas são alguns dos equipamentos confiscados de garimpeiros na Terra Yanomami pela Polícia Federal, em operações que começaram nesta terça-feira (16).

No começo do ano passado, operações policiais expulsaram garimpeiros ilegais de terras indígenas, mas muitos invasores acabaram ficando nos territórios protegidos, enquanto outros voltaram para o local depois que a poeira baixou. Com isso, o garimpo continuou, e a quantidade de Yanomamis assassinados no ano inteiro foi 308, apenas 10% a menos que no ano anterior.

Das 376 comunidades yanomami, 60 ainda convivem com garimpeiros, segundo o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami, Junior Hekurari Yanomami. Hekurari afirma ainda que os invasores 'têm muitos recursos, vêm de helicópteros e têm armas pesadas' e que a situação é tão grave que 'mães têm medo de nomear recém-nascidos, porque há risco de não sobreviverem por causa da desnutrição'.

Em redes sociais, ativistas criticaram a falta de atuação do Ministério dos Povos Indígenas, criado pelo presidente Lula e atribuído a Sônia Guajajara. O escritor Daniel Munduruku disse que a criação do ministério, que classificou como 'cirandeiro', é a reprodução de uma política de 'pão e circo', com “muita festa, muita viagem internacional” e pouca ação.

Enquanto isso, o coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas, Kleber Karipuna, apontou as oito demarcações de novas reservas como insuficientes, mas reconheceu que o Ministério não teve muito orçamento, e que as medidas que seriam necessárias para proteger o povo yanomami dependem também de diversos outros órgãos governamentais.

A própria Ministra reconheceu em live que as operações que já aconteceram não bastam para resolver os problemas, mas destacou ações emergenciais adotadas e avisou que décadas de invasões podem levar décadas para ser solucionadas.

Em entrevista para o repórter Lucas Altino, do Globo, o pesquisador do Instituto Socioambiental Estevão Senra apontou para a falta de uma coordenação central como o principal motivo dos resultados decepcionantes na manutenção da paz nas terras ianomami. Além disso, ações sociais poderiam ter evitado mortes não-violentas, como de malária e desnutrição - a crise sanitária declarada pelo governo está prestes a completar um ano. Senra também aponta que a logística entre a Fundação Nacional do Índio e os militares não funcionou.

Os garimpeiros se adaptaram enquanto as equipes do Ibama estavam focadas nos incêndios no Pantanal no ano passado. A exploração acontece apenas em áreas já devastadas, para não acionar alertas de desmatamento. Os aviões usados para transportar o minério foram alterados para usar gasolina aditivada, depois que o combustível de aviação que utilizavam foi bloqueado.

As aeronaves ficam escondidos na Venezuela, de onde saem para descarregar e comprar suprimentos, depois vão às áreas de garimpo e voltam para o país vizinho. Com operações de menos de dez minutos em solo, são capazes de evitar ser surpreendidos pelos helicópteros do Ibama.

 

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