No Norte do Brasil, a falta de chuva tem dificultado ainda mais o combate aos focos de incêndios florestais em Roraima. Na Missão Catrimani, ao sul da Terra Indígena Yanomami, sobraram apenas algumas estacas de madeiras e parte da parede de uma casa comunitária. Segundo a Associação Hutukara, o fogo começou dentro da mata e se alastrou atingindo 22 comunidades.
“Onde tem garimpeiro que trabalha lá tocaram fogo. O fogo chegou na nossa comunidade. Aqui, queimaram toda nossa planta. Como vamos alimentar nossos filhos?”, questiona um indígena. Lideranças yanomamis encaminharam um ofício ao governo federal cobrando brigadas de incêndios e ações de prevenção e tratamento de doenças respiratórias.
“A gente não tem nenhum abastecimento de poço artesiano para os yanomami tomarem água com poço artesiano. E os nossos rios são tudo poluído com garimpo ilegal. É uma situação muito vulnerável, muito preocupante”, diz Dário Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.
Em apenas dois meses, Roraima já teve mais focos de incêndios em 2024 do que todo o ano de 2023. A maior parte registrada em fevereiro. Uma das causas para aumento nos incêndios é a falta de chuva, que também está prejudicando o abastecimento de água nas cidades. Em Pacaraima, caminhões-pipa estão sendo utilizados para abastecer as residências.
“Só disseram que iam passar de novo daqui oito a dez dias para passar com mais água. Só. Mas água na torneira não tem previsão. É triste. Eu estou comprando água mineral para fazer qualquer coisa aqui, porque essa água que o senhor está vendo aqui não está servindo para consumo”, conta Tainar Cristina de Oliveira, monitora de alunos.
O Ibama declarou que 292 profissionais atuam no combate aos incêndios em Roraima e que está prevista a chegada de mais brigadistas.