20/04/2024 às 10h59min - Atualizada em 20/04/2024 às 10h59min

Mais de 200 pistas de pouso são registradas dentro de Terras Indígenas na Amazônia. A maioria em Roraima

Maioria está próxima a áreas de garimpo, mostra MapBiomas. 77% da atividade garimpeira ilegal na floresta tropical está a menos de 500 metros da água

Garimpo e uma pista de pouso na região do Homoxi na Terra Indígena Yanomami. Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real.
Levantamento realizado pelo MapBiomas identificou a presença de 201 pistas de pouso dentro de Terras Indígenas na Amazônia. A maioria no Estado de Roraima.

A partir de imagens de satélite, a organização verificou que a maior parte delas está próxima a áreas de garimpo ilegal. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (18).

A Terra Indígena com maior número de pistas registradas é a TI Yanomami, em Roraima, com 75, seguida por Raposa Serra do Sol, com 58 pistas, Kayapó, com 26, Munduruku e Parque do Xingu, com 21 pistas cada.

Na TI Munduruku, 80% das pistas (17 de um total de 21) estão a menos de cinco quilômetros de alguma área de garimpo. Na TY Kayapó, 34% das pistas identificadas estão perto de atividade garimpeira (9 de 26 pistas), e na TI Yanomami, 33% delas estão perto de garimpos.

Das cinco terras indígenas com maior número de pistas de pouso, três são também as de maior área garimpada: Kayapó (13,79 mil ha), Munduruku (5,46 mil ha) e Yanomami (3, 27 mil ha), mostra o levantamento.

Contaminação da água
Em 2022, ano de referência da análise do MapBiomas divulgada nesta quinta-feira, o garimpo ocupou 241 mil hectares de áreas de floresta, o equivalente a duas vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro. A cifra também representou 92% de toda a área garimpada no país naquele ano.

De acordo com a organização, 77% do total garimpado na floresta tropical – 186 mil hectares – estava a menos de meio quilômetro de algum curso d´água, como rios, lagos e igarapés.

A proximidade do garimpo aos cursos d´água, diz o MapBiomas, constitui o DNA da atividade de extração garimpeira na Amazônia, especialmente o ouro, que está quase sempre atrelado aos rios, o que representa alto risco ambiental.

“Enquanto o desmatamento fica circunscrito à área garimpada, o assoreamento gerado pela movimentação de terra na proximidade das bordas de rios e igarapés e a contaminação da água pelo mercúrio, e mais recentemente por cianeto, alcançam áreas muito maiores”, explica Cesar Diniz, da Solved e coordenador técnico do mapeamento de mineração no MapBiomas.

Fonte: ECO
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