29/05/2024 às 08h17min - Atualizada em 29/05/2024 às 08h17min
Estados tiveram maior queda de IDH após a pandemia: RORAIMA está entre os piores
Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento detalham desigualdades no Brasil. Gestão da crise sanitária em parte das regiões atenuou redução no índice de desenvolvimento
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil e de muitos outros países caiu durante a pandemia de covid-19 e esta queda não se deu de forma homogênea entre os municípios e Estados.
Um relatório divulgado nesta terça-feira, 28, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) revela quais Estados brasileiros tiveram maior queda no IDH Municipal entre 2019 e 2021 e qual o nível de desigualdade de gênero e raça (neste caso, especificamente entre brancos e negros).
Os valores apresentados pelo PNUD consideram o IDH Municipal (IDHM), uma metodologia adaptada do IDH que estima não só os níveis de longevidade, taxa de escolaridade e renda da população, como também a qualidade de vida da população e a garantia ao acesso ao conhecimento e à saúde naquela região.
O estudo mostra que todos os Estados brasileiros tiveram queda no IDHM no período da pandemia, mas alguns conseguiram minimizar os danos. E estes não foram, necessariamente, os que tinham maior recurso financeiro.
Prova disso é que o Estado com pior IDHM no País até a pandemia, o Maranhão, teve queda no índice inferior à do Distrito Federal, que é considerado muito desenvolvido (-2,6% e -5,2%, respectivamente). Segundo Provida, houve boa gestão do Maranhão sobre a crise do coronavírus.
Alagoas e Sergipe tiveram o melhor desempenho, com baixa de apenas 0,4%. Já o Amapá e Roraima tiveram as piores queda, de 6,6% e 6,7%, respectivamente. Dos seis Estados que tinham IDH considerado “muito alto” em 2019, só dois mantiveram o posto: São Paulo e Distrito Federal.
O número de Estados com IDHM considerado “médio” subiu de dois para sete. As regiões Norte e Nordeste foram as mais impactadas. Brasil teve retrocesso de 2,4% entre 2019 e 2021.
Considerando o IDHM brasileiro, total, houve progresso de 5,2% entre 2012 e 2019, mas retração de 2,4% de 2019 para 2021. Isso fez com que o Brasil fechasse o ano de 2021 com um IDHM de 0,766, valor apenas 2,7% maior que em 2012 (0,746).
Olhando para os indicadores de educação, renda e longevidade de maneira isolada, é possível ver que, entre 2012 e 2019, houve avanço considerável nos dois últimos, resultando em um aumento no IDHM. Mas durante a pandemia, as três áreas foram afetadas – especialmente a terceira.
De acordo com o PNUD, a fragilidade por raça é acentuada, ainda, quando esses domicílios são chefiados por mulheres negras. Apesar de o IDHM das mulheres ser superior ao dos homens – principalmente por elas terem, em geral, maior longevidade e tempo de escola –, são elas as mais vulneráveis em relação à renda, o que impacta diretamente o desenvolvimento das pessoas de famílias chefiadas exclusivamente por elas.
As mulheres têm maior chance de perder o emprego em momentos de crise, como o da pandemia, aponta o estudo. Isso porque tendem a trabalhar em setores com maior oscilação, como o de varejo, turismo e atendimento ao público e são, culturalmente, responsáveis pelos cuidados familiares.
Quando alguém fica doente ou as crianças deixam de ir para a escola, como ocorreu no período da covid-19, são as mulheres que têm que largar o emprego para se dedicar aos cuidados em casa. E quando não há um homem para complementar a renda, a situação se agrava, gerando queda nos indicadores de desenvolvimento.
Qual é o indicador por regiões metropolitanas? A região metropolitana de São Paulo tem o maior IDHM, com 0,842 pontos, seguida de Florianópolis (0,833) e Curitiba (0,81). Já as com menor desenvolvimento humano são Maceió (0,717), Manaus (0,711) e Macapá (0,695).
A desigualdade por cor e sexo também se dá regionalmente, pelo mesmo motivo citado por Provida: o impacto da gestão pública sobre os indicadores regionais, mas também pelo tipo de atividade local. Estados com IDHM mais baixo, população mais pobre e oportunidades de trabalho (e renda) mais homogêneas tendem a ter menor desigualdade entre negros e brancos.
Já em regiões metropolitanas mais ricas, onde a disparidade de renda é maior, a desigualdade por cor fica mais evidente. Além de a renda ser, por si só, um indicador do IDHM, ela impacta no nível de escolaridade e no acesso à saúde e longevidade daquele grupo social.
Enquanto São Paulo e Florianópolis têm uma discrepância maior no IDHM entre negros e brancos (0,085 e 0,081 pontos de diferença, respectivamente), Teresina e Alagoas têm uma diferença racial menor (0,052 e 0,051 pontos).