27/06/2024 às 16h22min - Atualizada em 27/06/2024 às 16h22min

Governo tem 6 meses para entregar reforma da maternidade estadual, decreta Ministério Público

Reforma e ampliação da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth já dura três anos; Governo alegou intrafegabilidade dos rios para justificar demora e revisão de valores na obra

Na placa a promessa de uma nova maternidade. Mas a obra se arrasta há anos. Foto: Roraima em tempo
 

O Ministério Público de Roraima (MPRR) estendeu o prazo para que o Governo de Roraima entregue a primeira etapa da obra da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth. O órgão fiscalizador publicou o aditivo no Diário Eletrônico desta quinta-feira (27).

O prazo firmado por meio de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre as Secretarias de Infraestrutura e de Saúde para a entrega da primeira parte da obra era março deste ano. No entanto, o MPRR agora concedeu mais um prazo de seis meses e o Estado tem até setembro para entregar o serviço. A obra já dura três anos.

Justificativas

Para o novo prazo o MPRR considerou a vistoria do engenheiro do órgão que ocorreu entre os dias 8 e 22 de maio. O profissional constatou que a obra ainda está em andamento.

Além disso, a Secretaria de Infraestrutura (Seinf) enviou ofício solicitando a prorrogação do prazo sob a justificativa da intrafegabilidade dos rios. A pasta disse que isso gerou a necessidade de revisão da quantidade e valores de produto e insumos previstos no quantitativo inicial da obra.

Outra justificativa do Governo é que o Estado está realizando levantamento de todos os cargos deficitários para a realização de concurso público.

O Ministério Público explicou no documento que, diante da complexidade da obra, bem como da necessidade de observância de regras inerentes a projetos, aprovações, convênios e execução, os prazos fixados poderão ser revistos sempre que tais circunstâncias não derivem de desídia, ou seja, negligência por parte do órgão fiscalizador.

Quem assina o documento são os promotores de Defesa do Patrimônio Público, Luiz Antonio Araújo e de Defesa da Saúde, Igor Naves. Por parte do Governo, assinam os secretários de Saúde, Cecília Lorezon e o adjunto de Infraestrutura, Emerson de Paula.

A obra

A reforma geral e ampliação da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth iniciou em junho de 2021. Para isso, o Governo do Estado transferiu as pacientes para o antigo Hospital e Campanha da Covid-19 que funciona sob uma estrutura improvisada.

Na ocasião, o governador Antonio Denarium (Progressistas) posou para fotos e publicou nas redes sociais que a situação duraria apenas cinco meses. O que não aconteceu.

Aluguel milionário

A estrutura de tendas e lonas é alugada pelo Governo do Estado. Dessa forma, em agosto de 2021, a Sesau assinou o contrato de aluguel por R$ 10 milhões por um ano. Em seguida, fez um reajuste de 18% e o aluguel passou a ser cerca de R$ 12 milhões. No dia 9 de agosto de 2022, a Sesau renovou o contrato por mais um ano e aumentou o valor para R$ 13 milhões.

Do mesmo modo, em agosto de 2023, a secretaria renovou o contrato por mais um ano e pelo mesmo valor do ano anterior.

Conforme a pasta, o local abrigaria a maternidade, assim como o Hospital Geral de Roraima (HGR). Contudo, em vez do HGR, o Governo instalou o Hospital de Retaguarda, fechado em março de 2023.

Mortes de bebês

Debaixo da estrutura improvisada, onde funciona a Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, 273 bebês morreram entre os anos de 2022 e 2023. Os dados são da própria Secretaria de Saúde de Roraima.

Conforme o levantamento, somente no ano passado, o número chegou a 171 óbitos. O registro é o maior dos últimos 16 anos. Além disso, é quase 70% maior do que o registrado em 2022, que foi de 102 mortes. Ou seja, 69 a mais.


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