18/07/2024 às 07h49min - Atualizada em 18/07/2024 às 07h49min

CONFIDENCIAL | Mais um aventureiro quer fazer carreira política em Roraima. por Expedito Peronnico

A Coluna de hoje: 18 de Julho | Poder, Política e Bastidores

Kelmon Luís da Silva, o picareta que responde pela alcunha de ‘Padre Kelmo’ está anunciando aos tontos como ele que pode disputar uma das duas vagas de senador de Roraima nas eleições de 26. Seria mais uma aberração eleitoral que só Roraima sabe produzir a cada ciclo eleitoral.

Kelmo já andou por aqui fazendo suas pregações de araque. E ganhou alguns seguidores lerdaços como ele. Alguém até tentou me apresentá-lo como liderança política. De pronto e raivoso, ao meu estilo, resmunguei: “por favor, não me traga aqui esse picareta”. E o negócio parou por ai.

Depois de causar vergonha alheia e virar motivo de piada na eleição passada como candidato a presidente do Brasil, o “padre de festa junina” volta à cena política, desta vez por conta da informação de Guilherme Amado, do portal Metrópoles, afirmando que Bolsonaro está procurando o estado brasileiro que dê condições de Kelmon disputar a corrida ao Senado em 2026.

Isso mesmo: o bolsonarismo, em sua tática de governar pelo ridículo e eleger figuras grotescas, aposta na bizarra figura do sacerdote que se diz cristão conservador e parece que escolherão Roraima, berço de paraquedistas e políticos de última hora, para colocar o Padre no altar dos medíocres onde a maioria do eleitorado parece educada a dizer ‘sim-senhor’ principalmente quando há alguma “oferta” em jogo, de preferência na madrugada do dia da votação.

Eu sempre me pego aborrecido e indignado quando porque aqui surgem essas ‘figuras públicas’ em período eleitoral. O pior nisso tudo é que acham aconchego e conquistam imbecis, que admirados com a tal ‘figura pública’ tentam arrebanhar pessoas para o projeto político. E o pior mais ainda, muitos tiveram sucesso e ai estão vereadores, prefeitos, deputados, senadores e até governadores. E quase nenhum deles fez algo por Roraima.

E aqui neste Estado de tantos medíocres que trocam o voto por uma sexta básica, por algumas notas de reais, por um cargo comissionado, a escalada do sucesso na política se torna mais fácil. Pessoas não votam por um ideal, por uma proposta germinativa que traga emprego e renda, por um projeto político. Votam por dinheiro ou por um benefício qualquer.

E essa ambulação de políticos – quase todos sem caráter e aproveitadores – que para cá correram em busca do mandato se certificou a partir de 1990 quando Roraima começou a eleger governadores, senadores e deputados estaduais pelo voto popular. Desconhecidos que não alcançaram sucesso na terra natal, migram para cá e com fardos de dinheiro conseguiram e até hoje conseguem se eleger.

Os mais antigos, com eu, hão de lembrar da história do bilionário usineiro alagoano João Lyra que aqui desembarcou com seu Lear-Jet ‘morcego negro’ e alguns sacos de dinheiro.  Tentou comprar uma das três vagas de senador - que Roraima elegeu à época por ser sua primeira eleição – e apesar do gasto volumoso, perdeu a eleição para o coronel aposentado e ex-governador de Roraima, Hélio Campos, para Marluce Pinto e para o então vereador Cézar Dias.

Já morto – desde 2021 – João Lyra não obteve sucesso em Roraima, mas deixou seus ensinamentos e muitos seguidores porque outros aventureiros como ele continuam a desembarcar aqui a cada eleição. E mais de duas décadas depois, desde as eleições de 90 eles continuam a peregrinar para cá e trazem a quase certeza de que se darão bem.

E assim deve acontecer com o padre picareta que deve ser enviado por Bolsonaro para o seu novo Estado. Padre Kelmon tem destacado sua proximidade com Bolsonaro, de quem já recebeu a bizarra medalha de “Imbrochável“, “Incomível” e “Imorrível”.

Uma coisa é certa: o “arraiá” está armado para a reaparição do "padre de festa junina" na próxima eleição. Por onde será, não sabemos. Mas está garantido o festival de bizarrices em busca de uma vaga no Senado Federal.

E se for por Roraima vou me preparar para combatê-lo. Porque ninguém merece mais essas aberrações acontecendo por aqui a cada ciclo eleitoral. Porque eles ganham o mandato, enchem o bolso de dinheiro e depois vão embora. Assim aconteceu com a maioria e certamente acontecerá até que o povo daqui tenha vergonha na cara e pare de votar em políticos picaretas.

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