24/07/2024 às 20h44min - Atualizada em 24/07/2024 às 20h44min

TSE reage a mentiras de Maduro e cancela a ida de observadores à Venezuela

O não envio dos técnicos brasileiros é um recado do tribunal de que não quer participar, ainda que como observador, do pleito venezuelano. Pleito é cercado de suspeitas de pouca transparência e desobediência a princípios democráticos.

Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta quarta-feira (24) não enviar observadores para acompanhar a eleição presidencial da Venezuela, marcada para o fim de semana. A decisão foi tomada em razão de acusações mentirosas que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, fez contra o sistema eleitoral brasileiro. Maduro é candidato à reeleição.
 
"Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo", afirmou o TSE em nota.

O tribunal havia decidido na semana passada enviar os observadores. Agora, cancelou a medida. O não envio dos técnicos brasileiros é um recado do tribunal de que não quer participar, ainda que como observador, do pleito venezuelano.

Maduro, sucessor político do ex-presidente Hugo Chávez, ganhou duas eleições na Venezuela. Uma, em 2013, após a morte de Chávez. A outra, em 2019. Ambas, de acordo com o oposição local e com entidades internacionais, tiveram problemas de transparência e de respeito a princípios democráticos.

O pleito deste ano está sob suspeita de que vai repetir os problemas dos anteriores. Maduro, que controla a comissão eleitoral, impediu duas rivais de participar, sob argumentos obscuros. Além disso, oposicionistas denunciam intimidações durante a campanha e manipulação na mídia.
 
Maduro sobe o tom contra o Brasil
Nos últimos dias, Maduro subiu o tom sobre a eleição presidencial, até mesmo com ataques ao Brasil. No fim da semana passada, ele fez uma ameaça. Disse que, se não ganhar a eleição, haverá um "banho de sangue" na Venezuela.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, no ano passado, buscou reintegrar Maduro ao continente, afirmou que ficou "assustado" com a declaração sobre o "banho de sangue".

Maduro, na noite desta terça (23), deu uma resposta sem citar o nome de Lula. Disse que quem estiver assustado "deve tomar chá de camomila". A reação chama atenção, já que ele costumava ser aliado de Lula. Depois, ele atacou o sistema eleitoral brasileiro, sem provas e de forma mentirosa. O TSE reforçou a total segurança das urnas e relembrou que são auditadas.

"São auditáveis e auditadas permanentemente, são seguras, como se mostra historicamente. Nunca se conseguiu demonstrar qualquer equívoco ou instabilidade em seu funcionamento. Na democracia brasileira, o voto do eleitor é livre e garantido democraticamente por um processo transparente, de lisura e excelência comprovada, o que assegura a confiança do brasileiro no sistema adotado", afirmou o TSE.

Além disso, a comunidade internacional, incluindo organizações como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Europeia (UE), tem reiteradamente elogiado o sistema eleitoral brasileiro pela sua robustez e confiabilidade, contrastando com as frequentes críticas ao processo eleitoral venezuelano, que tem sido acusado de falta de transparência e de práticas antidemocráticas.
 
Fonte: TSE
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