13/10/2024 às 08h57min - Atualizada em 13/10/2024 às 08h57min
RAPOSA SERRA DO SOL: A cobiça internacional pela maior reserva de nióbio do mundo em Roraima
Operação SURUMU: Exército brasileiro e FAB impediram invasão militar dos Estados Unidos e Grã-Bretanha na Amazônia
Comunidade indígena que habita a reserva de Raposa Serra do Sol, em Roraima, na maior reserva de nióbio do mundo. Estados Unidos e Inglaterra tentaram tomar território brasileiro: área na Amazônia é riquíssima em pedras preciosas e abriga a maior reserva de nióbio do mundo
Em dezembro de 1992, após o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, o Brasil passou a ser governado por Itamar Franco, que era seu vice-presidente. Já em janeiro de 1993, o candidato democrata à presidência dos EUA, Bill Clinton, assumiu o poder. Este presidente, um político de esquerda conhecido por ser um ambientalista fanático, já havia proferido a seguinte frase: “ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, é de todos nós.” Assumindo a vice-presidência dos Estados Unidos, Al Gore liderou um movimento na ONU, com o apoio de vários governos europeus, pressionando Itamar Franco para demarcar e homologar a reserva indígena Raposa Serra do Sol, localizada no estado brasileiro de Roraima, na fronteira com a Guiana.
Essa área é riquíssima em pedras preciosas e abriga a maior reserva de nióbio do mundo, o que atrai até hoje um grande número de ONGs estrangeiras. Na verdade, o interesse internacional na homologação da reserva serviria como uma espécie de chancela do governo brasileiro de que naquela área havia uma suposta nação indígena. Com isso, seria mais fácil declarar aquela área de fronteira como independente do Brasil, criando o primeiro país indígena do mundo, que poderia negociar diretamente as riquezas do subsolo, principalmente o nióbio.
Caças e tropas especiais garantem a defesa da Amazônia em uma das maiores operações militares do Brasil
No dia 8 de setembro de 1993, um piloto civil brasileiro, conhecido como Doni Air, chegou com seu avião Cessna PTBMR no município de Uiramutã, trazendo de volta turistas que ele havia levado até a cachoeira de Muriqui, que fica na fronteira com a Guiana. A população da pequena cidade estava armada e agitada, e ele avistou um gigantesco acampamento militar às margens do rio Maú, que é a fronteira natural entre os dois países.
Imediatamente, um sargento da Polícia Militar do posto da cidade comunicou o ocorrido para o 3º Pelotão Especial de Fronteira do Exército, que fica em Pacaraima, também em Roraima, mas na fronteira com a Venezuela. Paralelamente, a embaixada brasileira em Georgetown, capital da Guiana, avisou o governo brasileiro que dois grandes navios de guerra, um americano e um britânico, haviam ancorado no porto da cidade, e que grandes helicópteros de transporte de tropas estavam voando continuamente para o continente, sem que fosse possível determinar o local de destino ou o motivo.
No dia seguinte, um capitão de infantaria do exército daquele pelotão de fronteira sobrevoou a região e confirmou que não eram militares da Guiana. Pelo número de barracas e pelas bandeiras, ele calculou que havia cerca de 600 soldados americanos e britânicos. Ele também avistou um C-130 com a bandeira americana usando uma pista rústica e trazendo mais soldados para a região. No mesmo dia, moradores de Uiramutã avistaram a mesma aeronave sobrevoando duas vezes o lado brasileiro da fronteira. A situação era potencialmente grave, e o oficial comunicou imediatamente ao comando do Exército em Brasília e ao comando das Forças Armadas.
Imediatamente, foi deflagrada uma mega operação de dissuasão, que a princípio deveria parecer uma simples operação de adestramento para a imprensa, para evitar alarde. A operação foi denominada “Operação Surumu”, nome de uma corriqueira operação de adestramento do Exército. Ela começou com o lançamento em sigilo de precursores paraquedistas na região, para escolher o melhor local para o lançamento da brigada paraquedista.
Força Aérea Brasileira lança 850 paraquedistas, enfrentando 600 soldados americanos e britânicos em uma operação histórica.
Então, aeronaves C-130 Hércules e C-115 Búfalo, escoltadas por caças F-5M e A-1, da Força Aérea Brasileira, lançaram 850 paraquedistas na região de Uiramutã. Os paraquedistas selecionaram a melhor posição para cavar suas trincheiras e montaram suas metralhadoras e peças de morteiro no alto das colinas. Agora, estavam frente a frente, separados apenas pelo rio Maú, 600 soldados de infantaria americanos e britânicos, contra cerca de 250 paraquedistas brasileiros.
Enquanto isso, pequenos grupos de precursores já operavam em sigilo, realizando missões de reconhecimento especial, e caças Tucano e AMX sobrevoavam a região, preparados para realizar ataques ao solo em apoio aos paraquedistas. Enquanto isso, o Exército e a própria Força Aérea se esforçavam para transportar o maior número possível de soldados das brigadas de infantaria de selva da região amazônica para a área. A um ponto que o pequeno aeroporto de Uiramutã não podia suportar o número de aeronaves que pousavam com soldados e depois decolavam para buscar mais tropas.
Rapidamente, o front foi reforçado, aumentando a vantagem para 5.000 soldados no lado brasileiro, enquanto a FAB, com seus caças, estabelecia uma zona de exclusão aérea na região, inclusive com aviões civis ficando proibidos de sobrevoar.
Apesar dos esforços das Forças Armadas Brasileira, reserva indígena foi homologada anos depois durante o governo Lula
Diante de tal afronta, o presidente Itamar Franco não homologou a reserva indígena, algo que só aconteceu anos depois, já em outro contexto internacional, durante o governo Lula. Com tamanha demonstração de força das Forças Armadas Brasileiras, ficou claro que uma tentativa de tomada da reserva não se daria sem uma encarniçada batalha que custaria a vida de muitos soldados americanos e poderia iniciar uma espécie de nova Guerra do Vietnã.
Fonte com o relato completo do piloto sobre as tropas americanas na fronteira preparadas para invadir Roraima.
Fonte do New York Times (fazendo a defesa dos EUA) mas confirmando que em 1993 os Estados Unidos fez uma operação militar na Guiana, e que parte da imprensa brasileira daquela época acusava os EUA de estar tentando tomar parte da Amazônia com tropas vindas da Colômbia e Guiana, e que dois generais brasileiros denunciaram ao comite de defesa do Congresso Nacional que os EUA estavam fazendo operações militares conjuntas com a Guiana, com o objetivo de cercar a Amazônia , e que por isso era necessário aumentar os investimentos em Defesa. A reportagem também diz que o embaixador americano no Brasil negou as acusações, informando que eram apenas manobras militares entre EUA e Guiana. Conteúdo: Revista Sociedade Militar