O novo mega-partido surgido da federação PP-União Brasil trará consequências para o deputado federal Antonio Nicolleti – presidente do União em Roraima.
A não ser que aceite se submeter ao comando do senador Hiran Gonçalves, que será o novo manda chuva aqui no Estado. A federação resultou também na divisão de comando dos partidos por região. E Roraima terá o União sua tutela.
Nicoletti, aliás, já deveria ter abandonado o União há tempos. Na eleição passada pela disputa da prefeitura de Boa Vista ele foi simplesmente ‘excomungado’ pela direção nacional que o privou de participar do pleito.
Resmungou, esperneou, buscou o resguardo da Justiça Eleitoral, mas no final o União abarcou a candidatura natimorta de Catarina Guerra. Então, Nicoletti, tá esperando o quê? Dá tchau para o União, põe tua viola no saco e vai cantarolar em outra freguesia, rapaz!
Nicoletti patrocinou Hiran
O interessante de tudo isso e pelas vias dos fatos ocorridos, é que o União de Nicoletti já foi patrocinador da eleição de Hiran para o Senado.
E vejam a ironia: Na campanha de 2022 a maior parte dos gatos de Hiran foi bancada pelo União que o doou R$ 2,9 milhões.
Mais tarde Hiran, já pelos seus próprios interesses, evacuou Nicoletti e promoveu a campanha de Catarina Guerra no ano passado.
Intervenção sorrateira
Nicoletti esbravejou contra Hiran acusando-o de realizar uma intervenção “sorrateira” nos assuntos internos do União Brasil, partido ao qual ele pertence.
“É um ato sorrateiro daquele senador do Progressistas, que pouco faz no Senado Federal e pouco traz para o nosso estado de Roraima. Ele gosta de interferir em outros partidos, não cuida da casa dele e quer cuidar da casa dos outros. Eles estão se metendo aqui dentro da União Brasil”, disse Nicoletti à época.
Hiran, junto com Antonio Denarium articularam a intervenção da Executiva do União Brasil no Diretório de Roraima inviabilizando a candidatura de Nicoletti.
A irmandade de PP e União
O PP avançou na negociação para formar uma federação com o União Brasil, deixando encaminhada a criação de um novo megapartido do Centrão.
O presidente do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PI), se reuniu com lideranças da legenda em Brasília, resultando na autorização das bancadas da Câmara e do Senado para avançar com as negociações, com a apresentação de uma divisão de comandos por estado.
Pela prévia apresentada na reunião, a cúpula da federação terá a palavra final nos três maiores colégios eleitorais do Brasil: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Além disso, a direção também tomará as decisões sobre Distrito Federal, Maranhão, Paraíba, Sergipe e Tocantins.
O PP mandará em Roraima
O PP de Ciro Nogueira ficará com o comando do Acre, Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima e Santa Catarina.
Já o União Brasil, presidido por Antônio de Rueda, comandará as decisões nos estados do Ceará, Goiás, Amazonas, Bahia, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Norte e Rondônia.
Atualmente, o PP tem 50 deputados e seis senadores.
Já o União Brasil abriga 59 cadeiras na Câmara e sete no Senado, entre eles o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (AP).
Maior partido da Câmara
Ou seja, se a federação sair do papel, ultrapassará o PL e se tornará a maior bancada da Câmara, com 109 parlamentares, com direito à maior fatia do fundo eleitoral na eleição de 2026. Dessa forma, o novo megapartido do Centrão se tornaria peça-chave nas alianças eleitorais de 2026.
Uma federação é um tipo de aliança oficial, reconhecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na prática, ao ser formalizada, esse tipo de união obriga que os partidos atuem juntos por no mínimo quatro anos, o que aumenta as chances de eleições de bancadas de deputados federais.
Planos do União e do PP para 2026
Ambos os partidos contam com ministérios no governo Lula. O União comanda as pastas do Turismo, das Comunicações e também do Desenvolvimento e Integração Regional. Já o PP tem os Esportes.
O União, porém, tem o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, como pré-candidato à Presidência da República. E Ciro Nogueira tem defendido o desembarque do governo Lula, de olho na vice do nome que será apoiado por Jair Bolsonaro em 2026.